Artroplastia de quadril

Na era moderna da artroplastia por substituição total da articulação teve início em 1958, quando Charnley desenvolveu uma prótese que consistia em um componente femoral metálico (cabeça 22), que se articulava com um componente acetabular plástico, ambos fixados com cimento (metilmetacrilato).

O sucesso de uma artroplastia total de quadril depende de 3 fatores: escolha do paciente, escolha do implante e escolha da técnica cirúrgica.

 

Tipos de prótese

 

– cimentada, não-cimentada e híbrida

 

Indicações e contra-indicações

 

Artroplastia total está indicada nos pacientes que apresentam articulação artrítica dolorosa e incapacitante, refratária ao tratamento conservador.

Uma patologia bilateral dolorosa e grave constitui a maior indicação para artroplastia, em pelo menos um dos lados. O procedimento normalmente está indicado para pacientes + idosos, > 65 anos (na artrite reumatóide e espondilite anquilosante podemos indicar mais cedo).

Como contra-indicações temos a imaturidade esquelética, doenças neurológicas progressivas e déficit da musculatura abdutora. A contra indicação absoluta é infecção.

 

Materiais e tipo de fixação

 

A combinação clássica de metal articulado com superfície de polietileno permanece a mais utilizada. A escolha do metal tem variado desde aço inoxidável até ligas mais resistentes como cromo-cobalto, alumínio-titânio.

O uso da cerâmica também vem ganhando defensores, pelas excelentes características friccionais quando combinada com o polietileno ou com a própria cerâmica.

O material ideal para 1 componente deve ter elevado limite de fadiga e resistência tênsil. Um baixo módulo de elasticidade (mais elasticidade) pode ser vantajoso, pois reduziria o estresse sobre o componente e aumentaria a carga sobre o cimento e osso. Um elevado módulo de elasticidade (menos elasticidade) reduz o estresse sobre o cimento, diminuindo a chance de falha do cimento. Porém isso pode ser desvantajoso pelo fato de pouca carga passar pelo osso, levando a uma osteoporose de desuso.

O polietileno é um material viscoelástico, formado a partir do etileno. Ele é biocompatível, proporciona superfície de baixo atrito e é muito resistente ao desgaste.

O desenho dos componentes varia quanto o tamanho da cabeça (pode ser 22, 26, 28 ou 32mm), quanto ao comprimento do colo (varia de 30 a 40mm), off-set (distância entre a cabeça e a haste, que pode ter entre 38 e 45mm) e comprimento da haste femoral (tem entre 12 e 18 cm).

Posicionamentos do componente acetabular >

 

Componente femoral cimentado

 

Cimentado: deve ocupar 80% do canal femoral
– Manto de cimento deve ser de 2-4 mm

Avaliação radiográfica de soltura
– Sinais definidores de soltura
— Mudança na posição do implante, migração
– – Radioluscência metal-cimento ausente no RX anterior
– – Fratura do manto de cimento
– – Fratura do implante
– Sinais prováveis de soltura
– – Radioluscência
– – Critérios de Harris:
– – – contínua na interface cimento osso: provavelmente solta
– – – entre 50-99% da interface cimento-osso: possivelmente solta
– Estudos recentes: radioluscência pode demonstrar somente remodelação e não soltura
– Em geral, as por remodelação não são progressivas e não estão associadas a formação de linhas de esclerose

 

Componente femoral não-cimentado

 

Extensivamente porosa: > 80%
– Mesmo que não haja invasão óssea, a fibrose que penetra estabiliza a prótese
– Permite fixação em toda a sua extensão
– Áreas de crescimento ósseo máximo: spot weld
– Nas largas, há maior stress shielding
– Dificulta a retirada nas cirurgias de revisão

Porosidade proximal
– Funcionam bem quando há invasão óssea, mas não tão bem quanto as extensivamente porosas quando a invasão não ocorre
– Movimento na ponta distal da prótese tem correlação com a quantidade da porosidade
– Dá mais dor pós-operatória do que as totalmente porosas

Predição do crescimento ósseo pelo RX
– Resposta femoral ao componente com porosidade total
– Três tipos:
– – Ocorre invasão óssea: sinais ocorrem em 1 ano
– – – Densificação endosteal (spot weld)
– – – Geralmente na região do final da porosidade
– – – Proximalmente a esta área o córtex femoral fica fino e menos denso
– – – Ausência de linhas de demarcação radiodensas próximas a porosidade
– – Não ocorre invasão óssea, mas implante é estabilizado por fibrose
– – – Linhas escleróticas ao redor da porosidade
– – – Menos atrofia do colo femoral medial
– – – Sem sinais de migração
– – Não ocorre invasão e haste fica instável

Seleção dos doentes
– Fator mais importante para sucesso: qualidade da fixação inicial no fêmur
– Pouca influência das características do doente
– Requerimento para uso de haste sem cimento: presença de osso capaz de suporte mecânico inicial

 

Componente acetabular cimentado

 

– Menos sobrevida do que o sem cimento
– Bom para idosos, doentes de baixa demanda, custo baixo e simplicidade
– Indicado para reconstrução em tumores, se não houver condições para crescimento ósseo para um componente sem cimento ou em revisão com grande quantidade de enxerto ósseo

Avaliação radiológica
Posição:
– Ângulo de abdução: interseção da linha da abertura do componente acetabular com a linha interlacrimal
– Distância horizontal da taça até a intersecção e distância vertical até a linha interlacrimal é usado para avaliar mudança de posição no pós-operatório
– Objetivo: abdução de 40º, anteversão de 15º e cobertura > 80%
Soltura:
– Sinais definitivos: mudança de posição e fratura do cimento
– Altamente sugestivo: radioluscência de 2 mm pela interface metal-cimento
– Radioluscência entre o cimento e osso tem menos correlação com soltura

Características do desenho:
– aumento da área entre o polietileno e o cimento -> aumenta a resistência torcional
– Colocação excêntrica do soquete no acetábulo aumenta o estresse no cimento

Técnica:
– Preparo do acetábulo: fresar até aparecer um pouco de osso esponjoso
– Implante deve permitir de 2-4 mm de cimento
– Superfície de contato é maior com orifícios múltiplos
– 2 orifícios grandes (6 mm de largura e 10 mm de profundidade) são criados na porção superior e 1 em cada cavidade medular púbica e isquiática
– Limpeza pulsátil e secagem
– Aplicação do cimento: pressurização é feita com balão

Soltura: relacionada a processo biológico, mais do que mecânico
– Metal backing
– Zonas de DeLee e Charnley:
– – Zona I: lateral
– – Zona II: média
– – Zona III: medial
– Zonas de Martell: divide a Zona I e Zona II de DeLee em 2 zonas cada

Anéis de reforço acetabular:
– Objetivo: reforçar a fixação com cimento
– Dá suporte imediato ao componente acetabular e protege o enxerto ósseo até consolidação
– 3 tipos básicos:
– – Fixados somente ao ílio com placa de extensão superior
– – – Müller: reconstrução de defeito periférico ou cavitário isolado com parede medial intacta
– – Fixados ao ílio com placas e inferiormente com ganchos
– – – Ganz, GAP
– – Placa superior e inferior: Burch-Schneider

 

Zonas de DeLee e Charnley
Zonas de DeLee e Charnley 

 

Componente acetabular sem cimento

 

wasielewsk
Quadrantes de Wasielewski: segurança na colocação dos parafusos

 

Divisão dos acetábulos sem cimento
Desenhados para fixação mecânica (forma geométrica, parafusos, etc)
– Próteses rosqueadas: taxa alta de soltura
– Alta rigidez -> estresse rosca / osso -> soltura
Desenhados para fixação biológica

Formas de fixação das próteses porosas
– Osso esponjoso
– – fixação press-fit + 2 parafusos no ílio demonstraram menos movimento no ílio, mas mais movimento no púbis, quando comparado a 3 espículas
– – Pegs anti-rotacionais
– – Espículas para fixação

Quadrantes de Wasielewsk: segurança colocação dos parafusos (serve para “High Hip Center”)
– Linha da espinha ilíaca antero-superior ao centro do acetábulo
– Linha perpendicular à 1ª linha, pelo centro do acetábulo
– Seguros: risco baixo – recomendados para fixação transacetabular
– – Póstero-superior: parafuso até 35 mm
– – – risco de lesão do nervo ciático e nervo e vasos glúteo superiores
– – Póstero-inferior: parafuso até 25 mm
– – – risco de lesão das estruturas glúteas inferiores e pudenda
– Não seguros
– – Ântero-superior: risco de lesão da artéria e veia ilíaca externa
– Ântero-inferior: risco de lesão dos vasos e nervos obturatórios

Press-fit
– Implantação de componente superior ao tamanho da fresagem, de 2-4 mm
– Risco de fratura acetabular é maior com componente 4 mm maior
– Geralmente não há contato inicial bom na Zona II de DeLee e Charnley
– Após 2 anos: migração proximal ou crescimento ósseo com desaparecimento do defeito
– Bom contato periférico
– Parafusos geralmente não aumenta a estabilidade após press-fit

Posição ideal
– Anteversão de 15-25º (se via posterolateral: anteversão de 20-25º)
– Abdução de 35-40º

Desgaste
– Pode ser maior nas não cimentadas pela interface entre o polietileno e o metal backing
– Escorrimento do polietileno pelos orifícios dos parafusos não preenchidos podem levar a mais debris

Soltura
– Radioluscência
– Progressiva: indica soltura
– Não progressiva: indefinido
– 2 mm, indica possível soltura

 

Cimento

 

O cimento (metametilmetacrilato) é empregado como material de enchimento para transferência de estresse da superfície dos componentes à superfície óssea, reduzindo a pressão por unidade de superfície. O cimento ósseo é um sólido quebradiço, relativamente rígido, com módulo de elasticidade menor que o do osso (mais elástico). O cimento é 3x mais forte em compressão que em tensão. A redução do tamanho e número de bolhas (porosidade) na preparação do cimento melhora a vida útil, aumentando sua resistência à fadiga. Isso é conseguido mediante centrifugação e mistura a vácuo. A adição de substâncias ao cimento, como antibióticos, diminui a resistência mecânica do cimento. Porém, essa queda não é significativa se a dosagem de antibiótico adicionada for mantida abaixo de 2g por 40g de cimento.

 

Evolução da cimentação

 

A evolução da prótese total de quadril (PTQ) ocorreu em 2 caminhos: evolução da cimentação e eliminação do cimento. Evidenciam-se 3 estágios na técnica de cimentação óssea:
– 1ª geração
– – Colocação do cimento no canal femoral sem plugue: geralmente manto inadequado
– – Implantes com parede medial fina
– 2ª geração
– – Plugue no canal medular e inserção do cimento de maneira retrógrada, com pistola, após lavagem pulsátil
– – Implantes com parede medial larga
– 3ª geração: técnicas da segunda geração +
– – Redução da porosidade do cimento por meio de centrifugação e mistura à vácuo, pressurização do manto do cimento e do uso de centralizadores.
– – Centrifugação
– – Modificação na superfície dos implantes
– – – modificação na micro e macro textura
– – – cobertura com polimetilmetacrilato (PMMA) para melhorar a ligação ao cimento
– – O manto de cimento deve ter espessura de no mínimo 2mm de espessura no componente femoral, otimizado pelo uso do centralizador. No caso do acetábulo, o manto de cimento deve ser uniforme e ter de 2 a 5mm de espessura.
– 4ª geração: todos da terceira geração +
– Centralização proximal e distal da haste para manto de cimento simétrico

Técnica de cimentação contemporânea
– Preparação do canal
– Plugue 2-3 cm distal à ponta do componente
– Limpeza pressurizada e secagem do canal
– Preparação do cimento: centrifugação e mistura à vácuo ↑ a resistência
– Cimento de maior viscosidade tem maior sobrevida
– Colocação do cimento e pressurização: deve ser colocado com pistola
– Após preenchimento -> pressurização -> aumenta penetração no osso (melhor é de 4 mm)
– Centralização: permite manto simétrico em toda a volta
– Soltura está associada a cimento fino nas zonas 5 e 6 de Gruen
– Espessura do manto não é bem definida: não < 2 mm. (2-5mm)
– Fraturas iniciam-se mais frequentemente na ponta da haste e na região proximal e medial

Avaliação da cimentação:
– Classificação de Barrack: utiliza a 1ª radiografia e não as do acompanhamento
– – A: preenchimento completo da porção proximal da diáfise
– – B: preenchimento quase completo em que é possível distinguir o córtex do cimento em algumas áreas
– – C
– – – C1: manto de cimento incompleto na porção proximal com > 50% da interface manto-cimento com radioluscência
– – – C2: manto < 1 mm ou metal está sobre o osso
– – D: manto de cimento com deficiências grosseiras como ausência de cimento abaixo da haste, defeitos grandes, espaços vazios grandes

Mecanismos de falha:
– Maior parte dos casos provavelmente relacionado a causa mecânica
– Após o início da falha mecânica, o processo biológico passa a ser mais importante
– – Fratura do cimento -> redução da estabilidade -> debris poliméricos -> reação tecidual de corpo estranho -> reabsorção óssea e membrana fibrosa vista às revisões
– Remodelamento
– Há aumento do canal medular > 45 anos: pode participar na soltura mas não há estudos que confirmam
– Stress Shielding
– Osteólise: Antigamente chamada de doença do cimento, mas causada principalmente pelo polietileno
– – Ocorre em associação com soltura asséptica
– – Não parece ser o iniciador da soltura no componente femoral
– Desenho do implante
– Colar: aumenta a transferência de carga para o fêmur proximal
– – Provavelmente reduz osteólise do fêmur proximal
– Superfície texturizada: se houver descolamento do cimento, pode haver maior formação de debris
– Interface cimento-metal: um dos fatores iniciadores na falha dos componentes cimentados

 

Fixação sem cimento

 

O grande causador da frouxidão asséptica é o cimento (doença do cimento). Iniciou-se então a procura de uma fixação protética mais adequada e duradoura, sem o uso do cimento. Daí surgiu a ideia da fixação biológica (prótese sem cimento). A fixação da prótese é obtida através crescimento ósseo no interior de porosidades dos componentes. Quando a porosidade é < 50mm, tende a crescer mais tecido fibroso que ósseo. O tamanho ideal da porosidade para rápido crescimento ósseo fica entre 100 e 400 mm. A fixação do implante envolve os princípios de macro e microtravamento.

O macrotravamento pode ocorrer por meio de 1 princípio comum de encaixe por pressão (press-fit), por meio de plugs cavilhas ou uso de parafusos (acetábulo).

O microtravamento usa o conceito de intracrescimento interno do osso nos pequenos poros (ranhuras das próteses tem que ter entre 50 e 400 micrometros, fora destes padrões cresce mais fibrose), que proporcionam a fixação em tensão, compressão e cisalhamento. Os pré-requisitos para a fixação óssea são a imediata estabilidade do implante por ocasião da cirurgia e o íntimo contato entre a superfície porosa e o osso viável do hospedeiro.

Nos dias de hoje, as próteses não cimentadas enfrentam novos problemas, como a reabsorção óssea (stres shielding) e as osteólises. Novos estudos afirmam que o principal responsável pelo afrouxamento (froxidão asséptica) seria o polietileno e não o metilmetacrilato.

 

Transferência de estresse para o osso

 

– Varia conforme o material, geometria, tamanho, método e extensão da fixação da haste
– Stress Shielding: produz soltura e predispõe à fratura do fêmur ou do implante
– – Mais comum com próteses de diâmetro maior
– – Com fixação sob pressão no ístmo e evidência radiológica de crescimento ósseo, há maior stress shielding
– – Porosidade total em prótese larga causa mais stress shielding
– – Módulo de elasticidade baixo: titânio
– – Reduz o estresse sobre a haste e distribui maior estresse sobre o osso

O coeficiente de elasticidade dos componentes metálicos é muito maior que o do osso; dessa forma, quando colocamos uma haste rígida no canal femoral, ocorre transmissão da carga pelo implante, e não através da porção proximal do fêmur. Assim, pelo desuso, ocorre reabsorção óssea do fêmur proximal (stres shielding). Esse problema não é encontrado nas próteses cimentadas, uma vez que o módulo de elasticidade do cimento é semelhante ao do osso, minimizando o problema.

 

Desgaste

 

A modalidade maia comum de falha do polietileno é o desgaste interno na interface metal-plástico. Esse desgaste costuma ocorrer na porção súpero-lateral do componente, e os fatores determinantes são coeficiente de fricção, lubrificação, carga, diâmetro da cabeça, número de ciclos e dureza dos materiais. Com uma cabeça mais ampla, a pressão por unidade de superfície é menor e isso tende a diminuir o desgaste.

Os principais problemas do desgaste do polietileno incluem o impingment mecânico do colo no soquete, pelo afundamento da prótese, secundário a alterações no interior da cúpula, levando luxações e soltura do componente.

Coeficiente de fricção: resistência de movimento entre duas superfícies
– Normal = 0,008 a 0,02
– reduzido na cerâmica – cerâmica, cerâmica – polietileno e metal – polietileno
– aumentado na cerâmica – metal: combinação não é utilizada

Torque friccional: produto da força friccional X braço de alavanca
– Produzido quando há arco de movimento no quadril com carga
– Transmitido para taça, haste do componente femoral, cimento e interface osso cimento
– Pode ser causa de soltura de componentes

Tipos de desgaste:
– Abrasivo
– Adesivo
– Fadiga

Determinantes do desgaste:
– Coeficiente de fricção
– Dureza
– Distância de deslocamento para cada ciclo
– No de ciclos por tempo
– Carga aplicada

Local:
– Geralmente na região superomedial com inclinação de 10-15º
– Ocasionalmente ocorre superolateralmente ao centro de rotação do quadril

Wearing-in: período inicial de uso em que o desgaste é maior
– Ocorre pela irregularidade na superfície do polietileno que é gasto
– Com a melhor adaptação entre as duas superfícies, ocorre aumento da distribuição de pressão e redução do desgaste

Desgaste normal: cromo-cobalto – UHMWPE: 0,1 mm / ano
– Cabeça femoral interfere no desgaste
– Maior desgaste linear: 22
– Maior desgaste volumétrico: 32
– Cabeça 28: melhor característica de desgaste

 

Planejamento pré-operatório

 

Exame físico:
– Lordose lombar excessiva: orientação diferente do acetábulo na postura ereta pode ter impacto na estabilidade do componente
– Componente deve ser colocado com mais anteversão para ficar mais estável quando o doente levantar
– Obliqüidade pélvica: encurtamento? Testar com correção com blocos de madeira
– Medida dos membros inferiores
– – Da espinha ilíaca ântero-superior até o maléolo medial
– Correção com blocos de madeira
– Escanograma
– Trendelenburg: testa fraqueza dos abdutores
– – Se fraqueza significativa, considerar aumentar o off-set ou lateralizar o trocanter maior
– Contraturas: fazer alongamento com fisioterapia antes da cirurgia
– – Em flexão: teste de Thomas (+)
– Doença em várias articulações: atenção imediata para a mais sintomática
– – Se muitas sintomáticas, priorizar as dos membros superiores que evitariam uma boa reabilitação para os membros inferiores
– Membro inferior: Pé -> Quadril -> Joelho

Via de acesso:
– Se contratura em flexo-adução: dar preferência para anterolateral ou lateral direta
– – Via de Smith-petersen e entre tensor da fascia lata e sartorio (superficial) e profundo entre reto e glúteo médio.
– Via posterior: maior risco de luxação
– – Se lesar ou desinserir o quadrado femoral, pode-se lesar a artéria circunflexa medial da cabeça femoral
– Não associar a via lateral direta à osteotomia do trocanter

Radiografias:
– AP bacia e AP do quadril: rotação interna de 15º-20º das extremidades inferiores
– – Se não puder fazer do lado acometido, usar o lado oposto para planejamento
– Perfil do quadril: várias técnicas
– – Lowenstein: doente em DDH com quadril rodado externamente

Índice de Dossick: razão calcar / canal
– Diâmetro no ponto médio do trocanter menor / diâmetro 10 cm distal
– 2 pontos a 3 cm do trocanter menor e 2 pontos a 10 cm
– – < 0,5: A: favorece uso de prótese não cimentada
– – 0,5-0,75: B: intermediário
– – > 0,75: C: favorece o uso de prótese cimentada

Pontos de referência:
– Linha de Köhler: linha ilioisquiática
– – Usada para medir a protrusão acetabular
– – É posterior à parede medial da pelve
– Lágrima: borda lateral identifica a porção externa do acetábulo e borda medial a porção interna
– Uma linha horizontal pode ligar as duas lágrimas e outras verticais perpendiculares à primeira formam áreas para referência da posição da cabeça femoral
– – Normal: 14 mm vertical e 37 mm horizontal
– – Distância desta linha horizontal ao trocanter menor dá a diferença de comprimento
– Off-set: Distância perpendicular do eixo longo do fêmur e o centro de rotação do quadril
– Medida do momento abdutor
– – Linha entre as espinhas ilíacas ântero-superior e póstero-superior
– – Linha do ponto entre 1/3 do caminho de posterior para anterior para a ponta do trocanter maior
– – Linha perpendicular é construída do centro de rotação a esta linha, que representa o momento abdutor

Planejamento do componente acetabular:
– Acetábulo: template logo lateral à lágrima, angulado 45º
– – Se cimentada, deixar 2 mm para cimento
– Casos de protrusão acetabular
– – Deixar centro de rotação medializado pode ser ruim pela falta de suporte ósseo
– – Usar enxerto para lateralizar o componente acetabular
– – Um componente maior geralmente é necessário para ter contato periférico
– Acetábulo lateralizado
– – Osteófitos -> lateralização do acetábulo
– – Pode ser identificado por um template que demonstra ser necessário 1-2 cm de fresagem
– – Importante reconhecer para evitar um componente lateralizado com cobertura óssea incompleta
– – A identificação do local correto do acetábulo pode ser iniciada pela identificação do ligamento transverso acetabular e a localização da lágrima

Migração súpero-lateral:
– Ocorre em algumas degenerações do quadril
– Identificado pela colocação do template na lágrima e a presença de uma porção significativa da margem lateral sem cobertura
– Opções para tratamento:
– – High hip center com componente menor
– – – Desvantagem: osso disponível é pequeno e não dá cobertura adequada
– – – Componentes pequenos necessitam de cabeça pequena (22) para um polietileno adequado -> aumenta a instabilidade por impacto anterior à flexão e rotação interna e no ísquio à extensão e rotação externa
– – – Ocorre maior força no quadril com maior desgaste
– – Cobertura: 10-20% sem cobertura pode ser aceito para componentes não cimentados

Anteversão:
– Se exagerada, pode ser difícil o uso de componentes não cimentados
– Opções para correção:
– – Prótese especialmente desenhada
– – Haste modular
– – Alguns modelos, prótese do lado oposto dá retroversão relativa de 20º
– – Osteotomia subtrocantérica derrotativa

Planejamento do componente femoral: após o acetabular

Tipo de fixação:
– Componentes com porosidade proximal: preenchimento proximal e contato completo
– Componentes com porosidade total: fixação ocorre distalmente. Contato total no istmo
– Cimentado: deixar 2 mm para cimento
– Idealmente, corte femoral deve ser 1-2 cm acima do trocanter menor
– Se centro da cabeça femoral cair lateral ao centro de rotação do quadril: redução do off-set
– Consequências da redução do off-set:
– – redução do momento abdutor
– – redução da estabilidade
– – aumento das forças de reação no quadril -> aumento de soltura e desgaste
– Opções para manter o off-set:
– – Colocação mais baixa da haste com colo maior
– – Trocar por haste com desenho com off-set maior

 

Off-set horizontal
Off-set horizontal: Aumenta a tensão do abdutor sem alongar o membro.

 

Ângulo diáfise-colo: normal 125º
– Maioria das hastes: de 130-135º
– – Coxa vara: Pacientes tem off-set maior do que o usual
– – Coxa valga: se ângulo colo-diáfise maior do que o da prótese
– – – Off-set menor e mais comprimento
– – – Para compensar usando um componente menos valgo: corte alto no colo com colo curto
– – Coxa breve: ocorre o colo curto em doenças como Perthes e epifisiolistese

 

Off-set vertical
Off-set vertical: Alonga ou encurta o membro.

 

Complicações

 

Mortalidade 1-2%

1- Tromboembolismo: é a complicação clínica mais comum (pico no quarto PO). Ela é responsável por mais de 50% da mortalidade PO. Sem profilaxia ocorre em 40 a 70% dos pacientes.

Trombose venosa profunda (TVP) é mais comum no 4º dia PO, 2% das tvp não tratadas dão embolia, e esta é responsável por metade das mortes. É a complicação mais freqüente da PTQ. O início da tvp pode ser pelo aquecimento do cimento. Tríade de Virshow: estase, discrasia, lesão endotelial; os três presentes na ciruriga de PTQ. Prevenção: meia, compressão pneumática, medicação, deambulação precoce. Heparinas fracionadas (menores de 4.500 daltons) agem mais no fator X ativado, e menos no IIA na razão 4:1. Sem a prorfilaxial para tvp, 65% dos pacientes vão ter tromboembilia.

2- Luxação: ocorre em 3% das artroplastias primárias e 10% nas revisões. Está associada à retroversão do componente acetabular e tensão inadequada de partes moles. O componente acetabular deve ficar em uma anteversão de 15 graus; e uma inclinação de 45graus. Ocorre mais comumente nas primeiras 6 semanas da cirurgia.

3- Lesão nervosa: até 3,5% nas próteses primárias e 7,5% nas revisões. Pacientes submetidos à artroplastia por sequela de DDQ tem maior risco. Podem ser envolvidos o ciático, femoral, obturador e fibular. Pode ser causada por alongamento do membro, trauma intra-operatório, extrusão de cimento e luxação.

4- Lesão vascular: é raro (0,5%). A colocação de parafusos no quadrante ântero-superior do acetábulo coloca em risco a artéria e veia ilíaca externas.

5- Discrepância de membros: é a complicação ortopédica mais comum. É mais comum o alongamento (posicionamento do componente femoral em valgo).

6- Infecção: incidência de 1 a 2% nas primárias e de 3 a 4% nas revisões. O S. aureus e o S. epidermidis são responsáveis por 70% das infecções. Alguns fatores de risco para infecção incluem: DM, obesidade, tabagismo, AR, lúpus, desnutrição, corticóides, etc.

7- Afrouxamento séptico: zona de radioluscência entre o cimento-osso ou metal-cimento.

8- Metalose e osteólise: a osteólise periprotética é comum e ocorre mais nas próteses não-cimentadas. O desenvolvimento de debris tem surgido como a principal ameaça à sobrevida da PTQ, principalmente para a não-cimentada.

 

Problemas cirúrgicos associados a doenças específicas

 

Artrite reumatóide: avaliação cervical para instabilidade deve ser feita no pré-operatório
– Corticoesteróides podem ser necessários no antes, no intra e pós-operatório

Protrusão acetabular
Pode ser primária ou secundária

– Primária: Otto pélvis
– Geralmente bilateral, em mulheres jovens – Pode ser causa de limitação de ADM e dor

– Secundária:
– migração de artroplastia, artrite séptica, fratura luxação central
– Paget, síndrome de Marfan, artrite reumatóide, espondilite anquilosante, osteomalácia
– Característica radiográfica: medialização da cabeça femoral além da linha de Köhler (ilioisquiática)
– Deformidade pode progredir até o trocanter maior bater na pelve
– Geralmente há deformidade em varo do colo femoral
– -Princípios para reconstrução
– – – Centro de rotação na localização anatômica
– – – Borda periférica intacta do acetábulo deve ser usada para estabilizar o componente
– – – Defeito segmentar e cavitário remanescente deve ser reconstruído com enxerto

Displasia do desenvolvimento do quadril: procurar colocar a prótese no acetábulo verdadeiro
– Redução pode ser difícil pelo encurtamento de partes moles

Osteotomia femoral prévia
– Se deformidade angular significativa ou translação > 50%, fazer nova osteotomia

Vias de acesso

Das seis vias de acesso para o quadril (medial, anterior, ântero-lateral, lateral, trocanteriana, póstero-lateral e posterior), somente três são preferentemente usadas nos dias de hoje na artroplastia total do quadril: ântero-lateral, pósterolateral e transtrocanteriana. A desnecessidade de realizar a osteotomia trocantérica é cada vez mais aceita e somente seguidores da técnica Charnley continuam a fazê-la, apesar dos teóricos benefícios biomecânicos que a osteotomia pode oferecer. A via póstero-lateral, amplamente usada nos EUA, parece apresentar índices maiores de luxação e infecção que a via ântero-lateral. Entretanto, defensores deste acesso citam que as principais vantagens seriam o menor sangramento, menor tempo cirúrgico e menor lesão da musculatura abdutora do quadril. A principal vantagem da via ântero-lateral seria a melhor exposição cirúrgica, principalmente em relação ao acetábulo. A crítica mais contundente a este acesso seria possível prejuízo pós-operatório dos músculos médio glúteo e pequeno glúteo conseqüente à desinserção parcial junto ao trocanter maior.

Três abordagens cirúrgicas são frequentemente utilizadas na cirurgia de artroplastia total do quadril: posterior, lateral e anterior. Na via posterior, o paciente é posicionado deitado sobre o lado oposto ao operado e a via de acesso é entre os músculos póstero-laterais do quadril. Na abordagem lateral é realizada uma desinserção parcial dos músculos abdutores para acessar a articulação. Na via anterior, o paciente fica de barriga para cima e a via de acesso é entre os músculos anteriores do quadril. Cada uma tem vantagens e desvantagens. Geralmente a melhor abordagem será aquela que o cirurgião tem maior treinamento e experiência, porém alguns casos exigem a escolha de uma abordagem diferente.

Atualmente, existe uma tendência de se realizar as artroplastias totais de quadril através de incisões minimamente invasivas, em torno de 8cm, utilizando uma via única.

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