Sesamoidite, necrose e fratura dos sesamóides

Os sesamóides são ossos articulares, que ficam inseridos nos tendões fornecendo apoio e reduzindo a pressão sobre os restantes tecidos, fornecemdo um fulcro para a movimentação articular. Existem vários ossos sesamóides , como a patela, maior osso sesamóide do corpo, e os sesamóides do pé.

O termo sesamóide foi empregado por Galeno (180 aD), denominando alguns ossos de formato assemelhado ao da semente do sésamo (planta da Índia Oriental), pequena, chata e ovalada. Estes ossos são de constituição muito sólida e povos antigos acreditavam que a partir dos sesamóides ressuscitaríamos no dia do Juízo Final, porque eram frequentemente encontrados em exumações

Durante a fase de propulsão da marcha, último instante em que o pé empurra o solo para impulsionar o corpo a frente, esses pequenos ossinhos funcionam como uma polia que aumenta o braço de alavanca dos tendões nele inseridos e ajuda na impulsão do pé.

Quando, durante essa fase da marcha, a pressão é excessiva ou os impactos repetitivos sem a devida proteção, a energia que passa por essa região pode levar a inflamação destes ossículos (sesamoidite) ou até mesmo a sua fratura. 

Sesamoidite

  • Os sintomas incluem dor ao caminhar ao utilizar-se determinados tipos de calçados.
  • O diagnóstico se baseia em um exame dos pés.
  • Órteses e novos calçados podem ajudar a aliviar a dor.

Sesamoidite é uma causa comum de dor na planta do pé (metatarsalgia).

Geralmente, a causa da sesamoidite é uma lesão repetida. Algumas vezes, os ossos estão fraturados ou os ossos ou tecidos subjacentes estão inflamados. Uma mudança na estrutura do pé pode, às vezes, mudar a posição dos sesamoides (deslocamento) e causar dor.

A sesamoidite é muito comum entre dançarinos (bailarina), corredores e pessoas que apresentam pés muito arqueados ou que utilizam calçados de salto alto com frequência. Muitas pessoas com joanete apresentam sesamoidite.

sesamoides

Fatores predisponentes

Existem fatores que podem acentuar esse aumento de pressão na região, podendo desencadear os sintomas, são eles:

FATORES INTRÍNSECOS:

  • Pé Cavo
  • Deformidades na frente dos pés ou dedos
  • Encurtamento da musculatura
  • Pisada pronada (com a parte de dentro do pé)

FATORES EXTRÍNSECOS:

  • Sobrepeso
  • Treinos excessivos
  • Calçados inadequados
    • Salto Alto
    • Excessivamente Flexíveis
  • Aterrisar o pé no solo com o antepé

Sintomas

A dor da sesamoidite é sentida abaixo da base do hálux (a primeira articulação do metatarso). Geralmente, a dor fica pior ao andar, especialmente com calçados de solas finas, flexíveis ou de salto alto. A área pode ficar quente e inchada e o hálux pode ficar vermelho.

Daignóstico

  • Um exame médico do pé
  • Para gota ou infecção, aspiração da articulação
  • Para fratura, deslocamento, ou artrite, exames de diagnóstico por imagem

O diagnóstico comumente é realizado através da coleta detalhada da história associado a um exame físico do paciente.

Radiografias são realizadas e, às vezes, ressonância magnética (RM) é feita para descartar artrite, deslocamento ou uma fratura do osso sesamoide.

Tratamento

  • Redução do uso de saltos
  • Uso de calçados de solados mais firmes
  • Uso temporário de bota ortopédica removível
  • Ajuste da carga dos exercícios
  • Perda de peso
  • Mudança de exercícios (retirar exercícios de impacto)
  • Fortalecimento dos músculos intrínsecos do pé
  • Alongamento da cadeia posterior
  • Analgésicos e anti-inflamatórios

Não utilizar os calçados que causam dor pode ser suficiente. Porém, se os sintomas continuarem, calçados com uma sola grossa, saltos baixos, órteses (dispositivos colocados nos calçados) ou uma combinação dessas medidas ajudam a reduzir a pressão sobre o osso sesamoide.

O uso de medicamento anti-inflamatório não esteroide (AINE) tomado por via oral e injeções de uma mistura de corticosteroide/anestésico administrada na área afetada podem ajudar a aliviar a dor.

Entretanto, uma pequena parte dos pacientes pode não responder a estas medidas, necessitando de algum tipo de intervenção cirúrgica com o intuito de retomar as atividades. Dentre as mais comuns, está a sesamoidectomia, ou seja, ressecção do osso sesamoide afetado associado ao retensionamento dos tendões flexores do hálux.

Atualmente esse procedimento pode ser realizado de maneira minimamente invasivo, através de uma pequena incisão local e realização do procedimento que apresenta altas taxas de sucesso.

sesamoidite

Fraturas dos sesamoides

Os ossos sesamoides podem ser fraturados durante corridas, caminhadas ou participação em esportes que envolvam cair com demasiada força na bola do pé (como basquete e tênis) ou pela sobrecarga repetida (fratura de estresse).

Geralmente, se os ossos sesamoides forem fraturados, caminhar causa uma dor profunda ou aguda na bola do pé atrás do dedão. A área pode ficar vermelha e inchada.

Se os médicos suspeitam de fratura do sesamoide, são feitas radiografias. Se os resultados das radiografias não forem claros, é realizado um exame de imagem por ressonância magnética (RM).

Tratamento

  • Usar um sapato especialmente projetado
  • Se a dor prosseguir, possivelmente cirurgia

Se os ossos sesamoides estão fraturados, mas não fora do lugar, usar um sapato plano, rígido, especialmente projetado para evitar que os fragmentos ósseos se movam já é suficiente. Esses sapatos são projetados para serem usados por pessoas que sofreram uma fratura no pé. Possuem uma abertura para os dedos e fechos de Velcro.

O uso estofamento ou palmilhas especialmente construídas (órteses) para o calçado alivia as dores. Os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) podem ajudar a aliviar a dor e a inflamação.

Se a dor persistir, pode ser necessário extrair o osso sesamoide fraturado cirurgicamente. Entretanto, a remoção desses ossos pode afetar a capacidade de mover o pé.

Osteonecrose do sesamóide

A sobrecarga se define por uma força de atuação dorsal para plantar, brusca ou repetitiva, na região metatarsofalângica, estando os sesamóides contidos sob a cabeça metatarsal pela ação dos tendões dos músculos ne-les inseridos (6). Estando o hálux em extensão e havendo sobrecarga no primeiro raio, a resultante da força recai sobre os sesamóides, podendo causar sesamoidite ou até fratura, conforme a intensidade desta força . Os sesamóides desempenham papel significativo na absorção do peso corporal sobre o primeiro raio, na mecânica da musculatura intrínseca desta região e protegem o tendão do músculo flexor longo do hálux.

Os sesamóides do primeiro metatarsal são nutridos por embebição através da cápsula articular metatarsofalângica, por ramos da artéria plantar medial e da artéria interóssea do primeiro espaço interdigital.

O trauma direto determinando fratura no sesamóide é raro, sendo o mecanismo indireto o mais comum como causa de lesão óssea e o sesamóide medial é o mais freqüentemente atingido.

A necrose avascular do sesamóide é uma complicação da sesamoidite traumática.

Diagnóstico

A tomografia computadorizada com cortes finos de 3mm é um bom exame de investigação diagnóstica.

Tratamento

O tratamento da sesamoidite deve ser exaustivamente conduzido de forma clínica, com palmilha de alívio, medicação AINE e repouso relativo(4). Evitou-se propositadamente a infiltração medicamentosa local de corticosteróide, devido aos seus efeitos deletérios para a cartilagem articular, já conhecidos de todos.

Esgotados os meios clínicos e com a impressão diagnóstica de necrose avascular pela tomografia e quadro persistente de dor à digitopressão e à carga direta, optasse pelo tratamento operatório (perfurações com fio de Kirschner 0,5, sem transfixação do ossículo), visando estimular o aporte sanguíneo ao sesamóide e a preservação do mesmo, o que resguardaria a biomecânica do complexo glenometatarsossesamóideo. Embora freqüentemente a literatura proponha a excisão do sesamóide comprometido, deve ser reservada aos casos mais tardios e com degeneração irreversível .

No pós-operatório, o paciente foi mantido em imobilização gessada suropodálica por cinco semanas, seguida de fisioterapia com reeducação postural da marcha.

Um ano após a cirurgia, assintomático, pode retornar às suas atividades esportivas.

Última modificação porMarcio R4
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4 comentários em “Sesamoidite, necrose e fratura dos sesamóides”

  1. Carla Amaro Matias Garola Nubling

    Olá Dr.
    Trabalho em pé o dia todo, andando muito e de salto não muito alto salto de 5cm, por média diária eu dou mais de 6 mil passos por dia, a uns dois anos atrás eu senti uma forte dor e inchaço no pé direito, assim que retornei do trabalho, fiz salmoura, massagem, apliquei pomada anti-inflamatório e apertei com bandagem elástica, fiquei o dia seguinte de repouso e melhorou, a uma semana iniciei academia, ao fazer exercício de panturrilha senti uma fisgada no local, mas continuei achando ser falta de costume, saí de lá e fui trabalhar, não sentia dores e novamente com o salto, quando foi navegando já notei ele igual da outra vez inchado e dolorido, mas permaneci trabalhando, chegando em casa a noite, novamente fiz salmoura, massagem e compressas de gelo, na terça eu não aguentava pisar, fiquei o tempo todo mancando, foi quando a noite fui ao pronto socorro, lá o médico fez raio x e constatou que eu tenho um sesamoide bi partido, me deu injeção de decadron e tramal, e passou para casa anti-inflamatório e analgésico. Passou também o uso da sandalia de baruk, disse que com os medicamentos logo melhorava, mas não melhorou, ainda sinto dor lateja no local, o inchaço diminui um pouco mas a dor permanece ao andar mesmo com a sandália. Será que precisarei de cirurgia?

    1. Carla, ainda não. Tem de fazer uma ressonância do pé. Caso ainda edema, pode ser feito infiltrações e ortotripsia. Pode tentar tb fazer uma palmilha que retira a carga do sesamoide. Não melhorando após 6 meses, tentando todas as terapias e não melhorando, ae pode ser indicado o tratamento operatório.

  2. Davi Emanuel Pereira Santos

    Olá.
    Tive uma fratura sem desvio no primeiro metatarso do pé direito no meio no formato de um raio só que sem separar o osso e no ossos sesamóide, deu 30 dias de descanso com imobilização, imobilizei, só que finalizando esse tempo tipo os últimos 15 dias do tratamento eu descuidei e descarreguei peso antes da autorização médica voltei fiz o raio X e deve um leve desvio, médico disse que cola ainda só que me passou mais 15 dias, mas estou preocupado, que no último dia desses 15 dias começou a ter umas contrações musculares só que dormindo diminui e quando acordei deu uma dor bem leve só que parou. Gostaria de saber se tem como me dá alguma ideia dessa situação por gentileza.

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