O principal sintoma da neurofibromatose é o surgimento de tumores moles na pele.
Neurofibromatose tipo 1
A doença de Von Recklinghausen (VRD) é chamada igualmente o tipo do neurofibromatose – 1 (NF1). É uma desordem genética em que o crescimento do tecido nervoso é alterado, produzindo os tumores relativos à bainha do nervo. Um único neurofibroma não pode ser indicativo desta desordem, mas os tumores múltiplos são fortemente sugestivos de NF1.
A neurofibromatose tipo 1 é causada por uma alteração genética no cromossoma 17, causando sintomas como:
Manifestações clínicas
- Manchas cor de café com leite na pele, de aproximadamente 0,5 cm;
- Sardas na região inguinal e axilas notadas até os 4 ou 5 anos;
- Pequenos nódulos debaixo da pele, que surgem na puberdade;
- Ossos com tamanho exagerado e com pouca densidade óssea;
- Pequenos pontinhos escuros na íris dos olhos.
Manchas café-au-lait (café com leite): Indicador primário e invariável da neurofibromatose, presente em todos os pacientes. São máculas bem delimitadas, arredondadas ou ovais, de cor marrom clara a escura. Surgem no tronco e extremidades, geralmente não envolvendo palmas, plantas e genitália. Podem estar presentes ao nascimento, aparecer no primeiro ano de vida em 82% dos casos, surgir gradualmente durante a primeira década ou na adolescência. Sua dimensão varia de 0,5 a 50cm em seu maior diâmetro, tendo em média 10cm. As maiores são chamadas manchas Von Recklinghausen. Poucas a múltiplas, podem aumentar em número e tamanho com a idade, porém o seu número não é relacionado à severidade da doença. É bom lembrar que a mancha café-au-lait pode estar presente em 20% dos indivíduos normais.
Efélides: São assim denominadas as máculas café-au-lait de pequenas dimensões, em áreas intertriginosas (axila, inguinal, nuca, cervical anterior) ou qualquer localização. É patognomônica a pigmentação axilar, chamada sinal de Crowe, ocorrendo apenas na NF-1. Geralmente o seu desenvolvimento se dá na infância, e estão presentes em 80% das regiões intertriginosas dos adultos acometidos com a doença.
Neurofibromas: Representam a segunda manifestação mais freqüente da doença. Há 3 tipos de neurofibromas encontrados na NF-1: dérmicos, subcutâneos e plexiformes.
Os neurofibromas dérmicos começam a surgir na puberdade e aumentam em número e tamanho com a idade, acometendo toda a superfície cutânea, inclusive palmas e plantas. São sésseis ou pedunculados, de consistência mole, cor da pele, róseos, purpúricos ou acastanhados. À palpação apresentam invaginação através de pequeno orifício na pele, chamado sinal da hérnia. Sua dimensão pode variar de milímetros a vários centímetros em diâmetro, assim como o seu número: solitários a múltiplos. Até 9.000 lesões já foram descritas. Nas mulheres eles são proeminentes na aréola mamária e aumentam em número na gravidez.
Os neurofibromas subcutâneos estão firmemente aderidos ao longo dos nervos periféricos e são frequentemente dolorosos.
Os neurofibromas plexiformes se mostram associados ao superdesenvolvimento de tecido celular subcutâneo, sendo observados mais na face (n. trigêmio), pescoço e extremidades. São também chamados tumor royale ou paquidermatocele. Quando o aumento de volume atinge grande extensão, causando deformidade grosseira e desfiguramento, é chamado elefantíase neurofibromatosa. A maioria dos tumores são benignos, mas degeneração maligna para neurofibrossarcoma ou schwanoma maligno pode ocorrer em até 15% dos casos, normalmente após os 40 anos de idade. Na NF-2 só encontramos neurofibromas dérmicos.
Nódulos de Lish: São hamartomas pigmentados na superfície da íris e estão presentes em 60% dos pacientes acima dos 7 anos de idade e em 100% dos adultos. São bilaterais, assintomáticos e bastante úteis ao diagnóstico, pois nunca foram detectados na ausência de NF-1. São melhor visualizados ao exame com a lâmpada de fenda.
Anomalias associadas mais freqüentes: Tumores do SNC como o glioma do nervo óptico. Hipertensão idiopática renovascular. Escoliose. Puberdade precoce, ginecomastia, acromegalia e feocromocitoma. Tumores da cavidade oral podem ser encontrados.
Diagnóstico
Geralmente baseado na história e no exame físico nos casos completos. Nos oligossintomáticos a presença de 2 ou mais dos seguintes achados fecha o diagnóstico:
- Seis ou mais manchas café-au-lait maiores que 0,5cm em crianças com menos de 6 anos e maiores de 1,5cm em maiores de 6 anos de idade.
- Dois ou mais neurofibromas de qualquer tipo ou um plexiforme.
- Éfelides nas regiões axilares ou inguinais.
- Glioma de nervo óptico.
- Dois ou mais nódulos de Lish.
- Displasia do esfenóide ou afinamento da córtex de ossos longos, com ou sem pseudoartrose.
- Parente de primeiro grau com a doença caracterizada.
Tratamento, evolução e prognóstico
Requer envolvimento multidisciplinar pela natureza da doença. Avaliação periódica para detecção de manifestações sistêmicas e malignização. É indicada a excisão de tumores desfigurantes ou que interfiram com a função. O aconselhamento genético é primordial. O aparecimento precoce de lesões e a rápida progressão antes da puberdade, indicam mau prognóstico.
Neurofibromatose tipo 2
Embora seja menos comum que a neurofibromatose tipo 1, a de tipo 2 surge por uma alteração genética no cromossoma 22. Os sinais podem ser:
- Surgimento de pequenos carocinhos na pele, à partir da adolescência;
- Redução gradual da visão ou da audição, com desenvolvimento precoce da catarata;
- Zumbido constante nos ouvidos;
- Dificuldades de equilíbrio;
- Problemas na coluna, como escoliose.
Estes sintomas geralmente aparecem no final da adolescência ou início da vida adulta e podem variar de intensidade, de acordo com o local afetado.
Schwannomatose
Este é o tipo mais raro de neurofibromatose que pode causar sintomas como:
- Dor crônica em alguma parte do corpo, que não melhora com nenhum tratamento;
- Formigamento ou fraqueza em várias partes do corpo;
- Perda de massa muscular sem causa aparente.
Estes sintomas são mais frequentes após os 20 anos, especialmente entre os 25 e os 30.
Como confirmar o diagnóstico
O diagnóstico é feito através da observação dos carocinhos na pele, e com exames de raio-x, tomografia e teste genéticos de sangue, por exemplo. Essa doença também pode causar diferenças na cor entre os dois olhos paciente, alteração que é chamada de heterocromia.
Quem tem maior risco de neurofibromatose
O maior fator de risco para ter neurofibromatose é ter outros casos da doença na família, já que quase metade das pessoas afetadas herda a alteração genética de um dos pais. No entanto, a mutação genética também pode surgir em famílias que nunca tiveram a doença antes, sendo difícil prever se a doença irá aparecer.