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Síndrome de Raynaud

A síndrome de Raynaud, uma doença arterial periférica funcional, é um quadro clínico no qual pequenas artérias (arteríolas), geralmente nos dedos das mãos ou dos pés, se estreitam (contraem) mais que o normal em resposta à exposição ao frio.

Fenômeno e doença de Raynaud

Em resposta à diminuição de temperatura ocorrem respostas fisiológicas e diminuição de fluxo sanguíneo cutâneo de forma a reduzir o calor local e que preserva a temperatura normal.

O fenômeno de Raynaud é uma resposta vascular exagerada a estímulos como frio e estresse emocional, caracterizado por alterações marcantes de coloração da pele dos dedos, acredita-se que seja causado por vasoconstrição anormal de artérias digitais e de arteríolas cutâneas embora seu aparecimento possa ser multifatorial. O fenômeno é considerado primário quando sem evidência de doença associada.

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Epidemiologia

É difícil de definir sua prevalência devido à ausência de um padrão de reprodutibilidade, a maior parte da literatura cita prevalência de 5-20% para mulheres e 4 a 14 % para homens, mas variações internacionais importantes ocorrem, por exemplo, um estudo na França  demonstrou prevalência de 17% na população e nos Estados Unidos, por sua vez, a prevalência se aproxima de 5%. A condição é mais comum em mulheres, que representam de 60 a 90% dos casos, em pacientes jovens e em parentes de primeiro grau de pacientes que apresentam fenômeno de Raynaud. A idade média de início é de 31 anos de idade e cerca de 75% dos pacientes apresentam a manifestação inicial antes dos 40 anos de idade.

História familiar está presente em mais de um terço dos casos, com aumento de cinco vezes no risco de desenvolver o fenômeno se existe antecedente familiar positivo. A maior parte dos casos é primária  e menos de 15% dos pacientes  desenvolverão alguma condição que tem entre suas manifestações clínicas o fenômeno de Raynaud.

O tabagismo em homens, doenças autoimunes associadas e reposição hormonal estrogênica são fatores de risco para seu desenvolvimento.

Fisiopatologia

Em sua descrição original em 1862 Maurice Raynaud descrevia uma reação de irritabilidade na inervação vascular em resposta a asfixia local, que levava ao aparecimento das manifestações que depois vieram a ser denominadas de fenômeno de Raynaud.

O sistema neurossensorial é uma função do sistema nervoso que protege os pacientes de respostas de temperatura extremas. As fibras aferentes neurossensoriais detectam o estímulo ambiental de temperaturas seja de calor ou frio e iniciam uma resposta vascular de vasoconstrição ou vasodilatação. O controle dessa reatividade vascular é realizado por um sistema complexo interativo de sinais nervosos, hormônios circulantes e medidores  que são liberados pelas células e vaso sanguíneo. No caso do fenômeno de Raynaud primário ocorre uma resposta exagerada seja ao frio ou a estresse emocional com vasoconstrição anormal de artérias digitais, no fenômeno primário isso ocorre por um aumento na resposta alfa-2 adrenérgica nos vasos digitais e cutâneos. No fenômeno de Raynaud secundário a resposta exagerada pode ocorrer por uma variedade de motivos dependentes da etiologia secundária que alteram a resposta usual de vasorreatividade.

Manifestações clínicas

Aparece principalmente em ataques súbitos que envolvem na maioria das vezes dígitos das mãos com sensação de frio local seguido de palidez cutânea (fase branca) e posteriormente com evolução para cianose local (fase azul), alguns pacientes não têm a fase inicial de palidez cutânea, com o reaquecimento o ataque é autolimitado e dura de 15 a 20 minutos. Posteriormente podemos ter eritema com rubor exuberante secundário à reperfusão local.  Usualmente o fenômeno inicia-se em um dedo e se alastra posteriormente para os outros dígitos envolvendo inicialmente principalmente o dedo indicador e o terceiro dedo, o envolvimento do polegar ou primeiro dedo é incomum e quando presente sugere etiologia secundária do fenômeno de Raynaud. Os pacientes podem apresentar outros sintomas associados como parestesias e sensação de anestesia nos dedos, além de dor local; alterações funcionais motoras em dedos ou membros não são usuais.

Os pacientes podem ainda apresentar livedo reticular, que é uma lesão com coloração violácea em padrão reticular da pele de braços e pernas após exposição ao frio, esse achado é benigno e reversível com o reaquecimento, pode não ocorrer reversão do livedo reticular em pacientes com doença vascular periférica e síndrome de anticorpo antifosfolípide.

Síndrome de Raynaud primária

A síndrome de Raynaud primária é muito mais comum do que a síndrome de Raynaud secundária. Entre 60% e 90% dos casos de síndrome de Raynaud primária ocorrem em mulheres com idade entre 15 e 40 anos.

Qualquer fator que estimule a rede simpática do sistema nervoso autônomo, em especial a exposição ao frio ou uma emoção forte, pode levar à contração das artérias e, desse modo, desencadear a síndrome de Raynaud primária.

Síndrome de Raynaud secundária

A síndrome de Raynaud secundária pode ser causada por

  • Esclerose sistêmica
  • Artrite reumatoide
  • Aterosclerose
  • Crioglobulinemia
  • Glândula da tireoide com baixa atividade (hipotireoidismo)
  • Lesões
  • Reações a certos medicamentos, como betabloqueadores, clonidina e os medicamentos contra enxaqueca ergotamina e metisergida

O uso de tais medicamentos, que contraem os vasos sanguíneos, pode piorar a síndrome de Raynaud. Algumas pessoas com a síndrome de Raynaud também têm outros distúrbios que ocorrem quando as artérias são propensas à contração. Esses distúrbios incluem enxaquecas, angina variante (dor no peito que ocorre em repouso) e pressão arterial elevada nos pulmões (hipertensão pulmonar). A associação da síndrome de Raynaud com esses distúrbios sugere que a causa da constrição arterial pode ser a mesma em todos eles.

Diagnóstico da síndrome de Raynaud

  • Avaliação médica dos sintomas
  • Algumas vezes, ultrassonografia Doppler

Normalmente, os médicos suspeitam de síndrome de Raynaud com base nos sintomas e nos resultados do exame físico. Frequentemente, não é necessário nenhum procedimento para estabelecer o diagnóstico. Se os médicos suspeitarem que uma artéria está bloqueada, uma ultrassonografia Doppler pode ser feita antes e depois de a pessoa ser exposta ao frio. Os médicos também podem solicitar exames de sangue para verificar se há quadros clínicos que podem causar a síndrome de Raynaud.

Os testes de diagnóstico que são executados para confirmar a doença incluem:

Teste frio da estimulação

Neste teste, os dedos são expor primeiramente ao frio e um dispositivo é para verificado quanto tempo tomam para recuperar a temperatura normal após a remoção do estímulo frio. Na presença da síndrome de Raynaud, mais de 20 minutos são exigidos para recuperar a temperatura normal.  

Dobra do prego capillaroscopy

Este teste envolve pôr uma gota do petróleo na base da unha e procurar vasos sanguíneos anormais sob um microscópio.

Teste antinuclear do anticorpo

O teste antinuclear do anticorpo procura os autoantibodies produzidos em desordens auto-imunes.

Taxa de sedimentação do eritrócite

Este teste olha a taxa em que os glóbulos vermelhos se estabelecem na parte inferior de uma câmara de ar. Uma taxa mais rápida de estabelecimento do que o normal denota a presença de uma desordem inflamatório ou auto-imune.  

Tratamento

  • Evitar fatores desencadeantes, como frio e estresse
  • Parar de fumar
  • Medicamentos

As pessoas podem controlar a síndrome de Raynaud leve protegendo a cabeça, tronco, braços e pernas do frio. Para aquelas pessoas que apresentam sintomas quando estão agitadas, sedativos leves ou biofeedback podem ajudar. As pessoas que têm a síndrome devem parar de fumar, pois a nicotina contrai os vasos sanguíneos.

A síndrome de Raynaud primária é comumente tratada com um bloqueador dos canais de cálcio, como nifedipino ou anlodipino. A prazosina também pode ser eficaz.

Para as pessoas com síndrome de Raynaud secundária, os médicos tratam o distúrbio causador.

Pode-se recorrer à simpatectomia, um procedimento no qual certos nervos simpáticos podem ser bloqueados temporariamente (por injeção de um medicamento como lidocaína) ou mesmo seccionados, para aliviar os sintomas da síndrome de Raynaud se o distúrbio se tornar progressivamente incapacitante e outros tratamentos não funcionarem. No entanto, mesmo quando esse procedimento é eficaz, o alívio pode durar apenas um a dois anos. Esse procedimento geralmente é mais eficaz em pessoas com síndrome de Raynaud primária do que em pessoas com síndrome de Raynaud secundária.

O que eu Posso Fazer para Ajudar?

Se você tem o fenômeno de Raynaud a coisa mais importante a se fazer é diminuir os riscos de um novo episódio, seja aquecendo as mãos ou usando as medicações se estas estiverem indicadas.

Aqueça as Mãos
É muito importante manter as mãos e o corpo aquecidos, usando roupas apropriadas durante os dias frios. As camadas de roupas aquecem melhor do que roupas muito grossas, e é útil utilizar luvas, meias e toucas. Antes de colocar as luvas, aqueça as suas mãos. Se você se expos ao frio, evita se aquecer muito rápido, pois isso pode fazer com que a crise dure mais tempo, principalmente se os dedos tiverem mudado de cor ou estejam doloridos.

Cuide das suas Mãos
Peles secas são mais suscetíveis a fissuras e feridas, e para ajudar com esse problema hidrate as suas mãos sempre após lavá-las.

Monitore as suas Crises
Se você anotar os horários e situações em que as suas crises acontecem, ficará mais fácil identificar e evitar os fatores precipitantes. Alguns fatores estressantes não podem ser evitados, mas, por exemplo, se você tiver uma crise na sessão de frios do supermercado, pense em levar alguém junto da próxima vez para ajudá-lo.

Exercícios
A prática regular de atividade física ajuda a melhorar a circulação, e se você estiver fora em um dia frio, manter-se ativo vai ajuda-lo a se manter aquecido.

Não fume
O cigarro danifica a sua circulação e piora ainda mais o fenômeno de Raynaud.

Dieta
Não existe uma dieta específica que tenha se mostrado capaz de ajudar no fenômeno de Raynaud, mas é muito importante para qualquer pessoa manter uma dieta saudável e balanceada. 

Saiba mais:

Doenças reumatológicas

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