O hálux rígido (do latim hallux rigidus) é o nome que se dá à degeneração da maior articulação do primeiro dedo do pé, o “dedão”, devido a sobrecargas e impactos dos ossos envolvidos.
Fisiopatologia
Nesta doença, ocorre um desgaste da cartilagem que, nas condições normais, impediria um osso de “raspar” no outro. Com este desgaste, inicia-se um processo de artrose, aparecendo “bicos” (osteófitos) e saliências ósseas (crescimento ósseo anormal na base do dedão), promovendo rigidez articular e podendo progredir para um bloqueio completo do movimento (daí o nome “hálux rígido”, onde o dedo encontra-se realmente “duro” para movimentar).
Causas
As principais causas são:
Exagero na prática de esportes de impacto.
Uso de calçados inadequados pro seu tipo de pisada ou pra corrida.
Pressão constante sobre toda a área do dedão do pé (ex: uso em excesso de salto alto).
Pés estreitos, longos, pronados (que “desabam” pra dentro quando andamos).
Obesidade, reumatismo, gota, psoríase, infecções, mal formação genética e alterações anatômicas.
Quadro clínico
De início, o paciente sente uma dor localizada, na parte lateral do dedão do pé (normalmente ao acordar, podendo piorar com o frio). Ocorre também dor em queimação ao correr, andar, agachar ou dobrar o dedão, com dificuldade para subir morros ou escadas. Depois começa a surgir um nódulo duro (que é o “bico” ilustrado acima, formando um aspecto de “calo” na superfície do pé), acompanhado de inchaço e vermelhidão da inflamação local. Depois vem a perda de movimentação para flexão e extensão do dedão, que começa a ficar cada vez mais difícil. O paciente relata que a movimentação é sempre seguida de dor, que permanece mesmo durante o repouso.
Normalmente os sintomas começam após os 50 anos de idade e em 80% dos casos o acometimento acontece nos dois pés.
Exames de imagem
Nos raios-x, observamos a articulação “deformada”, “inchada”, e sem espaço entre os ossos da articulação metatarsofalangiana.
Observamos a articulação “deformada”, “inchada”, e sem espaço entre os ossos da articulação metatarsofalangiana, além de osteófitos laterais.
Tratamento
O tratamento inicial deve ser o mais conservador possível, evitando-se assim cirurgias desnecessárias. A fisioterapia buscará aumentar o grau de mobilidade articular com manipulações, trações, alongamentos, massagens, banho de contraste, gelo, etc.; conduta esta estabelecida de acordo com a avaliação do profissional capacitado. O paciente deve preferir o uso de sapatos com solados mais rígidos, que diminuem a sobrecarga da articulação afetada. A perda de movimento tem várias fases, que pode ser medida pelo grau de movimentação de flexão (dobrar) e extensão (levantar) o dedão e pelo acompanhamento da integridade da cartilagem e do espaço articular através de exames. Além do tratamento fisioterápico, pode ser necessário medicação analgésica ou antiinflamatória. O paciente pode ainda usar uma órtese de silicone, que propõe alívio do impacto e da dor, ou uma palmilha customizada.
A imobilização temporária ajuda a minimizar os sintomas na crise. A cirurgia, em casos iniciais, “raspa” as estruturas, para facilitar novamente a movimentação. Este procedimento é chamado osteotomia.
Em casos mais avançados, de muito comprometimento articular, o médico pode optar pela artrodese, que consiste em fixar a articulação, parafusando um osso no outro.