Epifisiodese

Nos pacientes esqueleticamente imaturos, é possível obter as correções necessárias aproveitando-se o potencial de crescimento residual, por meio da técnica de epifisiodese. Este método consiste na ablação ou bloqueio da placa fisária de um osso longo, o que pode ser feito de forma definitiva (irreversível) ou temporária (reversível).

Em dismetrias entre 2cm e 5cm em crianças, a equalização através da epifisiodese é uma opção que atrai pela sua simplicidade, rápida reintegração do paciente, aspecto estético e eficácia.

Os pacientes que mais se beneficiam com esta cirurgia são pacientes que tem deformidades leves ou moderadas e que possuem pelo menos mais 2 anos de crescimento pela frente.

Técnica

A técnica da epifisiodese foi descrita primeiramente por Phemister em 1933, na qual era realizada a destruição da parte lateral e medial da placa de crescimento através de procedimento aberto, obtendo epifisiodese definitiva. Blount descreveu uma epifisiodese temporária através de grampos que, após retirados, permitiram o retorno do crescimento dessa placa. Bowen & Johnson, em 1984, descreveram a técnica de epifisiodese percutânea, mais simples e de melhor aspecto estético. Para a epifisiodese definiva é necessária a projeção da discrepância final e determinar a época correta. Para isso utilizam-se os métodos de Green-Anderson ou de Moseley, em que, através de gráficos e da determinação da idade óssea, se obtém a época ou a correção que pode ser conseguida pelo procedimento.

Epifisiodese definitiva

Os métodos de epifisiodese definitiva ainda são procedimentos bastante utilizados na prática clínica. Entretanto, por se tratarem de métodos irreversíveis, torna-se necessária a determinação precisa do melhor momento para a sua execução, evitando a hiper ou a hipocorreção. Por este motivo, seu uso é restrito para os pacientes próximos da maturidade esquelética.

Epifisiodese temporária

Recentemente, Stevens introduziu o conceito de “crescimento guiado”, propondo o bloqueio temporário da placa fisária baseado no princípio da banda de tensão. Esta técnica consiste na colocação de uma placa em oito de titânio, posicionada extraperiostalmente e fixada com parafusos canulados. Os resultados relatados na literatura são bastante favoráveis, tendo sido observadas menos complicações quando comparados a estudos envolvendo outras técnicas. Entretanto, estes dispositivos podem apresentar um custo elevado, muitas vezes inviabilizando o seu uso.

Neste contexto, as técnicas de restrição temporária do crescimento fisário vêm ganhando espaço nas últimas décadas. Entretanto, tanto os agrafes de Blount quanto os parafusos percutâneos de Métaizeau podem estar associados a algumas complicações, incluindo a soltura, migração do implante, quebra do material e o fechamento fisário prematuro. É possível que um dos principais fatores envolvidos com estas complicações seja a rigidez dos implantes, uma vez que estas duas técnicas apresentam a característica comum de induzir o bloqueio fisário por meio de um mecanismo de compressão. Além disso, estudos experimentais demonstraram que a transgressão do periósteo durante a inserção ou remoção do grampo aumenta o risco de formação de uma barra fisária.

placa de sherman

Na prática clínica, alguns implantes vêm sendo utilizados com efeito similar e custo inferior. Dentre estes, destacamos as placas de Sherman, utilizadas há muitas décadas para a fixação de osteotomias e fraturas. Devido ao seu formato favorável, semelhante a uma placa em oito, a placa de Sherman de dois furos representa uma alternativa viável nos pacientes em que é necessária a epifisiodese temporária.

Desvantagens

Há algumas desvantagens deste tratamento, como o fato de geralmente ser realizado no membro normal, diminuir a estatura final do paciente e não ser de efeito imediato. Em nossa experiência, não há problema em realizar a cirurgia no membro não acometido.

Discrepância dos membros inferiores na criança
Última modificação porMarcio R4
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