Buscar no Portal Traumatologia e Ortopedia Fóruns Traumatologia e Ortopedia Próteses de membros superiores e inferiores: indicações e confecção

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    Marcio R4
    Mestre
    Uma prótese é um dispositivo acoplado ao corpo humano para substituir a ausência de uma parte do corpo, geralmente da perna ou do braço, e em um sentido mais amplo incluir dentaduras, cabeças femorais de titânio e válvulas cardíacas de plástico1. A prescrição de uma prótese depende da avaliação da condição clínica, do nível de atividade prévia da pessoa amputada além da expectativa do paciente em relação ao resultado estético.
    Em 1994, Blohmke usou o princípio de construção para classificar as próteses em “convencionais/exoesqueléticas” e “modulares/endoesqueléticas”. De acordo com a Associação Médica Brasileira, a prótese pode ser:
    Interna ou implantada (prótese articular, não convencional para substituição de tumor, válvula cardíaca, ligamento artificial, coração artificial, dentre outras);
    Externa ou não implantada (próteses para membros superiores e inferiores);
    • Implantada total ou parcial por meio cirúrgico ou percutâneo (implante dentário ou pele artificial);
    Estética (prótese ocular, mamária, cosmética de nariz)
    As próteses modulares/endoesqueléticas são formadas por componentes modulares que podem ser ajustados e realinhados de acordo com a necessidade. Geralmente fabricados em aço, alumínio e titânio, conferindo grande resistência, mas tornando-a mais pesada. Não são muito indicadas para amputações parciais do pé e do tornozelo, assim como para os membros superiores, sendo mais apropriadas em situações de amputações transumerais.

    Próteses de Membros Inferiores

    Andar é uma atividade inerente ao homem, que lhe dá autonomia para a vida diária, mas o comprometimento dos membros inferiores dificulta esta atividade, cerceando muitas vezes o seu direito de ir e vir em condições normais.
    A confecção de próteses de membros inferiores tem como objetivo devolver um pouco dessa autonomia
    A indicação de uso das próteses de membro inferior é feita de acordo com o nível de amputação:
    Hemipelvectomia;
    Desarticulação do quadril;
    Transfemural;
    Desarticulação do joelho;
    Transtibial;
    Desarticulação do tornozelo;
    Syme;
    Parcial do pé
    Para confeccionar uma prótese de membro inferior alguns conceitos devem ser levados em consideração, como:
    a) Alinhamento: é um fator decisivo para uma qualidade boa da marcha do paciente amputado, os componentes protéticos como pés, joelhos e articulações do quadril, possuem parâmetros técnicos específicos de alinhamento.
    b) Altura: dismetria entre a prótese e o membro contralateral gera desvios posturais e sobrecarga, alterando a qualidade da marcha e das lesões em diferentes estruturas dos membros inferiores e da coluna.
    c) Conforto: fundamental para que a prótese seja usada por longos períodos. O conforto deve ser sempre valorizado já que pode ocasionar o surgimento de possíveis lesões no coto.
    Outras informações também devem ser consideradas para fabricação das próteses:
    • Usar materiais adequados para a prótese específica de cada nível de amputação, que seja aprovada no meio da ortopedia técnica e obedeça às recomendações e indicações fornecidas pelo fabricante;
    • Para eliminar as bolhas de ar no encaixe e alcançar uma maior resistência e um menor peso na confecção do encaixe deve-se executar a laminação da resina a vácuo.
    • Usar malhas de fibras sintéticas, com colocação de reforço proporcional ao peso corpóreo do paciente, por meio de fibra de carbono e/ou manta de fibra de vidro nos pontos de maior esforço, como por exemplo, nas próteses transtibiais (parte anterior da “canela” abas superiores próximas ao joelho); nas próteses
    transfemorais (parte inferior da articulação do joelho na borda superior do soquete);
    • Utilizar espuma de poliuretano expandido para a confecção dos enchimentos que darão a forma anatômica final à prótese.
    Escolher componentes que oferecerão ao indivíduo vantagens reais em relação à sua funcionalidade, ao custo-benefício e que obedeçam às recomendações técnicas do fabricante.
    O encaixe da prótese de membro inferior é importante para o conforto no uso da prótese e devem seguir os seguintes critérios: envolvimento preciso do coto com o contato total do encaixe, não obstrução da circulação sanguínea e fornecimento de maior descarga de peso distal, impedindo a sobrecarga do coto.
    Para próteses abaixo do joelho, existem três tipos principais de encaixe:
    1. PTB (Patela, tendão, bearing): descarga sobre o tendão patelar, bordo proximal de encaixe, termina no nível central do joelho. Sua principal característica é ter um apoio anterior sobre o tendão patelar logo acima da inserção na tuberosidade da tíbia e o “poplíteo bulge” que aplica uma força posterior empurrando o coto contra o apoio patelar.
    2. KBM (Kondylen, Bettung, Münster): descarga sobre o tendão patelar, o bordo proximal possui o formato de duas orelhas envolvendo os côndilos e mantém a patela livre. Tem sido o modelo mais utilizado de encaixe transtibial.
    3.PTS (Prothèse tibiale supracondylienne): seu encaixe envolve toda a patela, o bordo anterior termina acima da patela e exerce pressão sobre o músculo quadríceps, é indicado para cotos muito curtos.
    O encaixe da prótese transtibial é moldado sobre o molde do coto feito de gesso. Todo encaixe deve considerar as áreas do coto que são intolerantes à pressão, denominadas “áreas de alívio de pressão”, nas quais a descarga de peso deve ser evitada para impedir a presença de desvios compensatórios da marcha
    causados por desconforto e lesões na pele. As áreas mais suscetíveis à pressão são:
    Cabeça da fíbula;
    • Extremidade do coto ósseo tibial e fibular;
    • Tendões dos músculos isquiotibiais;
    • Borda anterior da tíbia;
    • Patela;
    • Tubérculo adutor
    Já os encaixes das próteses transfemorais podem ser quadriláteros ou de contenção isquiática. O encaixe quadrilátero possui quatro lados bem definidos, projetados para conter a musculatura da coxa e
    facilitar sua função. A borda posterior, plana e mais larga, chamada “banco isquiático”, serve de apoio para ponto de maior descarga de peso. Já o encaixe de contenção isquiática é desenhado para estabilizar o
    encaixe no coto de amputação e evitar o movimento de rotação, contendo a tuberosidade isquiática e o ramo do púbis dentro dos limites de encaixe.
    Nas próteses de desarticulação do quadril, o encaixe é chamado de cesto pélvico. Esse modelo de encaixe protege toda a região da amputação e oferece uma ampla área para descarga de peso na tuberosidade isquiática. A contenção é realizada pelo apoio na região acima da crista dos ossos ilíacos, ajudada por tiras de velcro e correias que auxiliam no encaixe no contorno da pelve do paciente.
    Agora vamos conhecer cada uma das próteses de membro inferior e suas individualidades:
    a) Prótese para desarticulação de quadril e joelho: São menos frequentes do que os outros níveis. Na desarticulação do quadril, a ausência do coto e a posição muito proximal da amputação geram dificuldades
    adicionais. Já a desarticulação do joelho, o coto longo e o formato arredondado dos côndilos femorais oferecem vantagens e facilidade para um bom retorno funcional. A prótese para desarticulação do joelho possui um encaixe especial para esse tipo de nível.
    b) Prótese Transtibial: As amputações transtibiais são mais comuns que os demais níveis de amputação. Essa amputação é localizada distalmente com preservação do joelho e com um bom comprimento do coto,
    fazendo com que as pessoas amputadas nesse nível sejam capazes de participar das atividades de vida diária com grande eficiência. As próteses transtibiais possuem como componentes básicos: encaixe e suspensão,
    componentes modulares (adaptadores e tubo) e pé modular. Sendo o encaixe o componente mais importante da prótese pelo contato direto com a pele.
    c) Prótese transfemoral: É formada por cinco componentes principais: o encaixe, o sistema de suspensão, os componentes modulares (adaptadores e tubo) e o pé modular. É um tipo de prótese bastante
    comum e o conforto do encaixe é um ponto crítico ao sucesso da protetização.
    d) Próteses para amputação do pé: A desarticulação interfalangeana e transmetatarsiana não geram grandes prejuízos para a marcha, exceto quando a velocidade é aumentada ou quando o indivíduo tenta correr. Sendo assim, o braço de alavanca curto do pé dificulta a fase de apoio terminal. Apesar da grande maioria dos pacientes terem uma boa funcionalidade sem o uso de prótese ou modificações do calçado, o manejo inclui o uso de uma órtese de suporte para o pé e os arcos plantares.

    Próteses de Membros Superiores

    As próteses de membro superior têm menor demanda quando comparadas às de membro inferior. A indicação de uso dessas próteses é para amputações traumáticas ou congênitas.
    São classificadas de acordo com sua funcionalidade, confecção e o tipo de fonte que é usada para o seu funcionamento:
    a) Prótese estética ou passiva: esse tipo de prótese não prioriza a função do movimento, tendo como objetivo apenas restabelecer a morfologia do membro amputado. Normalmente são confeccionadas com material maleável de alumínio, sendo uma prótese leve e de fácil manejo. Podem ser usadas em qualquer nível de amputação.
    b) Prótese ativa: é acionada pelo próprio paciente, tendo seus movimentos iniciados a partir da ação dos músculos do coto e da articulação, através da tração de tirantes (tiras de fixação da prótese). Elas são prescritas para todos os níveis de amputação do membro superior, com exceção das amputações parciais da mão. Quanto mais alto o nível de amputação, mais difícil será o controle da prótese pelo tirante.
    c) Prótese mioelétrica: os movimentos são ativados por meio de uma fonte de energia externa e sistemas de eletrodos conectados à pele que detectam as contrações da musculatura do coto por meio de estímulos elétricos que amplificam e enviam para o processador que proporciona o movimento de abrir e fechar a mão. É indicada para todos os níveis de amputação de membro superior, desde o nível do punho até o ombro. Para usar essa prótese, o paciente precisa ter controle da contração muscular do coto.
    d) Próteses híbridas: tem indicação para amputação acima do cotovelo, é formado por um sistema de articulação de cotovelo mecânico que é acionado pela tração de tirantes em combinação com a mão mioelétrica e uma fonte externa de energia.
    O encaixe interno da prótese de membro superior deve manter o contato com toda extensão do coto permitindo assim total liberdade de movimento articular. Existem dois tipos de encaixe para membro superior: o fechado que envolve o coto e a articulação; e o semiaberto, usado em cotos com
    deformidades, como por exemplo, nas malformações congênitas.
    Para as amputações transradial e transumeral o encaixe com o coto pode permitir atividades de diferentes complexidades. Com o advento do termoplástico e o avanço das técnicas de modelagem anatômica, o ajuste do encaixe e a amplitude de movimento melhoraram muito nos últimos anos.
    Encaixe transradial com suspensão própria permite maior liberdade de movimento, além de maior conforto e aceitação tanto em próteses convencionais como nas mioelétricas. Esse encaixe faz pressão na região supracondilar do úmero para garantir a suspensão. O encaixe transumeral tem uma aba superior que aplica pressão sobre o acrômio para suspensão. A adição de extensão de estabilização que cruza a
    linha média dá maior estabilidade ao movimento rotacional. As próteses para a mão podem ser estéticas, mecânicas, mioelétricas, Mão DMC® (Dynamic Mode Control®), Mão com Sensor-Suva® e gancho.
    Os tipos de articulação protética do membro superior variam. Para o punho dependem do tipo de prótese de mão e função desejada. Utiliza-se uma protetização sem alongamento excessivo do antebraço. Nos demais níveis, são usados modelos de articulação protética de punhos fixos e articulados que podem ser passivos, ativos ou mioelétricos.
    A fixação deve permitir a troca rápida das próteses de mão, se necessário. Para o cotovelo existem as próteses modulares em alumínio, usadas em próteses estéticas com trave de desbloqueio; e as convencionais de plástico ou resina, indicadas nos casos de próteses ativas e mais resistentes do que as modulares. E, por fim para o ombro são articulações confeccionadas no sistema modular, permitindo os movimentos de abdução, adução, flexão e extensão. Possui o controle passivo e seu ajuste é feito manualmente

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