Generalidades
=> Correspondem a 3% de todas as lesões da cintura escapular e 10% das luxações do ombro. Mais comum em homens (90%) na 2ª década de vida
=> Dentre as luxações claviculares, 90% ocorrem na articulação acromioclavicular, sendo o restante na articulação esternoclavicular
Mecanismo de lesão
Impacto direto ou queda sobre o ombro com o braço em adução (causa mais comum)
Quadro clínico
Dor, edema, equimose local , limitação álgica do ombro, sinal da tecla (redução da clavícula por pressão digital de cima para baixo semelhante ao tocar uma tecla de piano, presente na maioria das luxações acrômio-claviculares – LAC – III e V). Observe que nas LAC completa é o ombro que desce e não a clavícula que sobe. Isto ocorre porque são os ligamentos (lig) que mantem a escápula suspensa de encontro com a clavícula (enquanto esta é mantida na posição pelo trapézio e pelos fortes ligamentos esternoclaviculares)
Radiologia
AP verdadeiro, axilar (avalia desvio posterior da clavícula), Zanca (elimina a superposição da articulação acrômio-clavicular com a espinha da escápula) com 03 a 05 kg de peso amarrado ao punho do paciente (avalia a integridade dos ligamentos mediante o aumento da distância coracoclavicular). As incidências devem ser bilaterais para comparação. Nas LAC tipo III pode haver fratura de ao invés de ruptura dos lig coraco-claviculares (separação acrômio clavicular completa, porém com espaço coracoclavicular normal). A melhor incidência para visualizar a fratura do processo coracóide é a incidência de Stryker
Classificação
(Rockwood -1984)
Tipo | Características | Radiografia | |
Tipo I | distensão dos lig acromioclaviculares35% dos casos | sem alterações | |
Tipo II | ruptura dos lig acromioclaviculares distensão dos coracoclaviculares22% dos casos | aumento do espaço acromioclavicular < 25% | |
Tipo III | ruptura dos lig acromioclaviculares e coracoclaviculares desinserção dos músculos na clavícula39% dos casos | aumento do espaço coracoclavicular de 25 a 100% | |
Tipo IV | ruptura dos lig acromioclaviculares | espaço coracoclavicular pode estar normal luxação posterior da clavícula | |
Tipo V | ruptura dos lig acromioclaviculares e coracoclaviculares | aumento do espaço coracoclavicular de 100 a 300% | |
Tipo VI | ruptura dos lig acromioclaviculares com luxação inferior da clavícula | luxação inferior da clavícula |
Tratamento
=> Conservador: tipo I e II, mediante tipóia simples por 07 a 10 dias de repouso + crioterapia, seguido de mobilidade articular.
=> Cirúrgico: indicado nos tipos IV, V, VI, sendo controverso o tipo III dependendo de alguns fatores segundo Copeland:
=> Existem inúmeras técnicas cirúrgicas para o tratamento da LAC, sendo a mais indicada a amarria ao processo coracóide. A simples excisão da clavícula distal só está indicada em lesões crônicas da articulação acrômio clavicular. Se for uma lesão crônica completa pode estar indicado a reconstrução de um novo ligamento coracoclavicular.
Complicações
=> Complicações do tratamento conservador: dor crônica na cintura escapular devido a disfunção do trapézio, síndrome do impacto (anteriorização da escápula), alterações da clavícula distal.
=> Complicações do tratamento cirúrgico: instabilidade ou subluxação, ossificação subclavicular, dor residual, limitação funcional, distrofia simpático reflexa, osteólise do 1/3 distal da clavícula, migração ou infecção de fios metálicos, etc.
Luxação acrômio clavicular pediátrica
– Classificação de Rockwood similar ao do adulto
– Maioria são metafisárias ou fisárias
– Ossificação distal não ocorre até 18-19 anos
– Fratura pode ter apresentação como pseudoluxação da acrômio clavicular
– Geralmente não há ruptura dos ligamentos, mas do periósteo onde o ligamento se insere