Lesão do ligamento cruzado posterior

Anatomia

– É uma estrutura intra-articular, mas extra sinovial, que tem como principal função evitar o deslocamento posterior da tíbia em relação ao fêmur.
– Sua vascularização ocorre pela bainha, por meio da artéria genicular média.
– O ligamento cruzado posterior (LCP) é 2x mais forte que o ligamento cruzado anterior (LCA) e está localizado próximo ao eixo central do joelho.
– Possui dois feixes: ântero-lateral que é mais espesso e mais importante, e se tensiona em flexão e frouxo na extensão, e o feixe póstero-medial mais tenso em extensão e frouxo em flexão.
– Existem dois ligamentos menisco-femorais (restritores secundários da translação posterior da tíbia): ligamento meniscofemoral anterior (Humphrey) e posterior (Wrisberg), raramente um indivíduo possui os dois ligamentos.

Mecanismo de Trauma

– representam menos de 20% das lesões ligamentares do joelho
– trauma direto com joelho fletido a 90°, normalmente causa lesão isolada no corpo do LCP;
– queda com o joelho em hiperflexão, com o pé em flexão plantar, normalmente lesão isolada do LCP;
– hiperextensão forçada isolada, freqüentemente ocorre avulsão isolada do LCP do fêmur, passível de reparo;
– hiperextensão com estresse em varo ou valgo, freqüentes lesões associadas do LCA, cápsula posterior e dos complexos lateral e medial;

Avaliação Clínica

– paciente normalmente não tem sensação de estalido, não apresenta grande aumento de volume do joelho e consegue deambular;
– teste da gaveta posterior com joelho a 90° de flexão, é o teste mais fidedigno para esta lesão;
– teste de Godfrey (posteriorização da tíbia);
– aumento da rotação externa da tíbia, além de 15°, testada com o joelho com 30° e 90° de flexão é indicativo de lesão póstero-lateral;
– teste de varo e valgo com o joelho em extensão, testa o pivot central;
– teste do recurvatum;

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Lesões associadas

– instabilidades póstero-mediais e póstero-laterais são pouco freqüentes, mas levam a grande incapacidade;
– lesão do nervo fibular em 30% das instabilidades póstero-laterais;
– sempre suspeitar de luxação do joelho com redução espontânea, quanto tiver lesões complexas;

Exames complementares

– Radiografia (Rx) AP e P em todos os casos;
– A ressonância magnética (RM) é o exame mais confiável no diagnóstico de lesão do LCP e na detecção de lesões associadas;

Tratamento

– fraturas avulsão do LCP na tíbia são de tratamento cirúrgico, apenas os sem desvio são tratados com imobilização em extensão. O tratamento cirúrgico nesses casos leva a bons resultados e deve ser realizado na primeira semana, através de acesso posterior ao joelho e fixação com parafusos;
– Nas lesões ligamentares complexas, o LCP obrigatoriamente deve ser restaurado;
– lesões no corpo deve ser tentado o tratamento conservador;
– lesões associadas: cirurgia ainda na fase aguda, com reconstrução do LCP e reparo das lesões periféricas. Em lesões complexas na fase aguda fazer reparo aberto, pois no artroscópico leva a maior índice de síndrome (Sd) compartimental;

Nas lesões crônicas existe uma evolução natural em 3 fases:
• fase 1 (adaptação funcional): de 3 a 18 meses, o processo inflamatório e os sintomas de dor e instabilidade desaparecem com fisioterapia, reeducação do quadríceps;
• fase 2 (tolerância funcional): média de 15 anos, atletas ou pessoas ativas voltam às atividades normais, com degenerações leves e progressivas;
• fase 3 (osteoartrose): em 1/3 dos pacientes, após 15 anos da lesão, com comprometimento do compartimento medial e femoropatelar.

– Na fase crônica, os pacientes bem adaptados devem continuar o tratamento conservador com fortalecimento do quadríceps; já os sintomáticos devem ser submetidos ao tratamento cirúrgico, se associado a deformidade em varo devem ser submetidos a osteotomia tibial valgizante, e os com eixo normal devem ser submetidos a reconstrução ligamentar.

– Na reconstrução, o túnel tibial deve localizar-se na fóvea tibial entre os planaltos medial e lateral, de anterior para posterior. O túnel femoral localiza-se na face intercondilar do côndilo medial, a 1 hora no joelho direito e às 11h no joelho esquerdo, a aproximadamente 10 mm da margem articular anterior. Tensionar o enxerto a 70° de flexão. No pós-operatório manter o joelho em extensão e evitar contração dos isquiotibiais por 6 semanas, realizando flexão passiva.

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Autor: Dr. Márcio Silveira – ortopedista especialista em joelho
Última modificação porMarcio R4
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