Fraturas do retropé na criança

Tálus

Raríssima 0,01-0,08% de todas em pediatria
Maioria é através do colo talar

Anatomia
– Centro de ossificação 8º mês Intra-uterino
– 2/3 do tálus recoberto por cartilagem
– Aspecto anterior mais largo que posteriormente (maior estabilidade ao tornozelo).
– Suprimento arterial: tibial posterior (1 cm proximal a origem das plantares medial e lateral) → ramo deltóide → anastomose com pediosa
– – A artéria do seio talar alça anastomótica ramos fibulares perfurante e tarsiano lateral do pé
– Os trígono 50% → logo posterior ao tubérculo lateral do processo talar posteriormente

Mecanismo de lesão
– Dorsoflexão forçada em trauma de alta energia
– Fratura isolada do domo e corpo talar, mas raríssimas

Quadro Clínico
– Dor a sustentar carga, ADM dolorosa

Rx: AP, perfil AP verdadeiro tornozelo, e AP perfil e oblíqua do pé
Canale → colo talar. Tálus com equino máximo e colocado em 15º pronação e rx 75º cefalicamente
TC pré op
RM: lesões ocultas em menores de 10 anos

Classificação

Descritiva: a maioria ocorre através do colo. Angulação, desvio, luxação-> talonavicular, subtalar, ou tornozelo
Padrão: ver cominuição

Hawkins
I: sem desvio
II: com desvio e sub ou luxação subtalar
III: com desvio e sub ou luxação subtalar e tornozelo
IV: com desvio e sub ou luxação subtalar e tornozelo e talonavicular

Tratamento

Conservador:
– Sem desvio. Gesso longo, joelho fletido 30º por 6-8 semanas, com Rx seriados e depois 2-3 semanas gesso curto com descarga de peso
– Com desvio – 5º de alinhamento ou 5 mm de desvio
– – Redução fechada com flexão plantar antepé + eversão ou inversão da parte posteriormente
– – Gesso longo 6-8 semanas.

Cirúrgico:
– Caso não mantenha redução → fios K ou parafusos
– Acesso póstero-lateral e parafusos canulados de 4mm ou fios K de posterior para anterior. P.O.: Gesso curto 6-8 semanas e retirar fios com 3-4 semanas

Complicações

Osteonecrose: ocorre até 6 meses pós lesão
– tipo I 0 – 27%
– tipo II 42%
– tipo III e IV > 90%
Sinal de Hawkins: osteopenia subcondral no tálus vascularizado sem carga. – Geralmente demonstra viabilidade talar
– A ausência deste sinal não afasta osteonecrose

Calcâneo

Epidemiologia
Rara, maior de 9 anos
Maioria extra articular envolvendo a apófise ou tuberosidade
33% associado a outras lesões

Anatomia:
– Centro de ossificação primário ->7 meses Intra-uterina, secundários -> 10 anos, fusiona com 16 anos
– Faceta posterior paralela ao chão, não inclinada.
– Calcâneo rodeado por cartilagem
– – Responsável pela dissipação das forças lesivas que produzem padrões clássicos de fratura em adultos

Padrões de fratura: processo lateral responsável por impacção calcanea, lesão com depressão articular em adultos e é diminuto no calcâneo imaturo.

Mecanismo lesão:
Queda altura ou salto

Quadro Clínico:
Dor, edema e sensibilidade local.
Lesões associadas: coluna lombar
Diagnóstico não é feito em 44-55% dos casos

RX: Böhler 25-40º
Cintilografia se suspeita
TC pré operatória

Classificação de Schmidt e Weiner

Tipo I: A tuberosidade da apófise
B: sustentáculo
C: processo anterior
D: processo infero lateral anterior
E: avulsão do corpo

Tipo II: partes posterior e/ou anterior da tuberosidade

Tipo III: corpo não envolvendo subtalar

Tipo IV: com desvio ou minimamente desviada subtalar

Tipo V: com desvio da subtalar:
– A: língua
– B: depressão articulares

VI: lesões graves perda óssea com perda da inserção do tendão do calcâneo

Tratamento

Conservador: Gesso se extra-articulares ou menor que 4 mm de desvio sem carga por 6 semanas

Cirúrgico: crianças mais velhas e adolescentes
Se desvio do processo anterior indicação relativa para RAFI pois até 30% resulta em pseudoartrose
Parafusos compressão

Complicações
– Osteoartrite pós traumática
– Alargamento do tornozelo
Pseudoartrose
– Síndrome de compartimento -> 10%, 5% desenvolve podáctilos em garra se não liberar compartimento.

Última modificação porMarcio R4
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