Luxações posteriores
Em geral, pacientes com luxação posterior do quadril (85-90% das luxações são posteriores) apresentam um membro encurtado com rotação medial e ligeira flexão. Mecanismo típico é força longitudinal aplicada no fêmur a um quadril flexionado (joelho do paciente colide com painel do carro).
– Se o quadril estiver em adução: luxação simples.
– Quadril em posição neutra ou de abdução: luxação + fratura da cabeça ou acetábulo.
Classificação de Thompson e Epstein
Para luxações posteriores:
Tipo I: sem fratura ou com pequenos fragmentos do rebordo posterior
Tipo II: luxação com fragmento grande e único do rebordo posterior
Tipo III: luxação com fratura cominutiva da parede posterior, com ou sem fragmento maior
Tipo IV: Com fratura do teto do acetábulo
Tipo V: Com fratura da cabeça femoral
Pipkin (Epstein V):
– Tipo I: caudal a fóvea
– Tipo II: cefálica a fóvea
– Tipo III: associada a fratura do colo
– Tipo IV: associada a fratura de acetábulo
Luxações Anteriores
I- luxação sem fratura importante (estável após redução)
– – Superior (púbica)
II- luxação + fratura da parede posterior
– – Inferior (obturatriz)
III- luxação + fratura cominutiva da parede posterior
– – Perineal
IV- luxação + fratura do assoalho acetabular
V- luxação + fratura da cabeça femoral
Se paciente estiver com perna relaxada e abdução e rotação externa do quadril: luxação anterior.
Lesões neurovasculares geralmente encontradas na superior.
Tratamentos
O tratamento pode ser dividido em uma fase inicial onde se deve realizar redução rápida da luxação (sob anestesia geral ou sedação, é óbvio), e uma 2ª fase quando será planejada o tratamento definitivo.
Redução
Redução deve ser feita dentro de 12 horas (no máximo).
Antes de reduzir avaliar: nervo ciático (principalmente porção fibular), lesões tóraco-abdominais, fratura de Lisfranc (devido posição do pé no trauma), fraturas do joelho, tíbia, fêmur, LCP.
Métodos de redução
– Stimson: paciente pronado. Faz-se flexão do joelho e quadril a 90°. Quadril pendente na maca. Tração longitudinal é aplicada.
– Allis: paciente em supino. Estabiliza-se a pelve. Fazer tração longitudinal com o quadril em 90° de flexão e mobilizar em rotação medial e lateral até redução.
– East Baltimore: alavanca com braço do médico e de assistente.
Fazer apenas 1 ou 2 tentativas, se fracassar: redução aberta. Se após redução houver instabilidade: tração esquelética enquanto aguarda outros exames; se estável usar tração cutânea.
Imagem RX AP após redução:
– Aumento do espaço articular. Fragmento Intra articular.
Avaliação do RX / Hipótese diagnóstica:
Quando não há redução concêntrica, novos exames devem ser pedidos para verificar se há: interposição de fragmentos osteocondrais (acetábulo, cabeça); lesão do labrum pode bloquear redução; outras partes moles (interposição dos mm piriforme, obturador, gêmeos).
Está indicado, então, incidências de Judet (Alar – parede anterior / coluna posterior – e Obturatriz).
TC é rotina para luxações após redução bem sucedida e, se não conseguir redução, “se nenhuma demora excessiva for necessária para obtenção desta imagem” -> caso seja demorado -> redução aberta.
RX Oblíquas -> Outros exames:
– TC: avaliar cabeça femoral, fragmentos intra articulares, congruência cabeça acetábulo.
– RNM: valiosa se articulação não reduzida e TC normal: procurar partes moles interposta.
Redução e Fixação aberta
Luxação posterior irredutível: Acesso Kocher Langenbeck.
– Se fratura for muito complicada, paciente estiver muito grave: reduzir e pode deixar cirurgia para depois de 7-10 dias. Deve-se fazer RAFI neste momento se não houver outros riscos. Rafi depende do padrão de fratura.
Complicações
– artrite pós-traumática (+freqüente a longo prazo)
– necrose avascular (+20% e associada a demora para redução); Anterior = 8%; posterior = 60%. Pode ocorrer de 2 a 5 anos após a luxação.
– lesão do nervo ciático 15-20%. No exame físico, o nervo ciático pode se alongar ate 6 mm, aos 70 graus de flexão (Lasegue); pode-se alongar ate 2,5 cm na cirurgia.
– ossificação heterotópica (associada a fratura acetabular/TCE)
– – pós-trauma e dissecções extensas. 3 tipos:
– – – 1. massa de osso no musculo;
– – – 2. massa de osso contígua com osso no periósteo;
– – – 3. ossificação periarticular que aparece na capsul.
– – Classificação de Brooker:
– – – 1. ilhas de osso em partes moles;
– – – 2. osso com intervalo de pelo menos 1cm entre superfícies ósseas opostas;
– – – 3. osso com menos de 1cm de intervalo dentre sup ósseas opostas;
– – – 4. anquilose
– tromboembolismo