Epidemiologia
• Mulheres 2:1
• 85% de 20 a 60 anos
• 20% dos traumas do cotovelo
• 1/3 das fraturas (fx) do cotovelo
• lesões associadas: luxação (lx) posterior e dissociação radio ulnar distal aguda (DRULA)
Anatomia
• cabeça do rádio é intra-articular, sem conexão com tecidos moles
• fossa sigmóidea: 70°
• 15° ângulo cabeça/colo
• ligamento anular: mantem a cabeça na fossa sigmóidea
Biomecânica
• articulação ulnoumeral: flexo-extensão (flexão 120°).
• cotovelo = dobradiça = gínglimo
• cápsula: principal (pp) estabilizador a distração (70% da estabilidade) em extensão.
• complexo ligamentar medial pp estabilizador em flexão (78%).
• stress varo: componentes ósseos resistem (extensão ou flexão) .
• stress valgo: em extensão, componentes ósseos, cápsula, complexo ligamentar medial são responsáveis igualmente; em flexão, o complexo ligamentar medial é mais responsável.
• Com lesão do complexo ligamentar medial, a cabeça do radio é o pp estabilizador em valgo.
• Em extensão com carga axial: radio-umeral 60% e a ulno-umeral 40% de resistência da carga.
• Na pronação há maior transmissão de força na rádio-umeral, portanto maior chance de lesão da cabeça do rádio.
Mecanismo de trauma
• Queda com a mão espalmada, pronação, flexão incompleta (80°), estresse em valgo.
• Este mecanismo força a cabeça a luxar posterior e força a borda ântero-lateral da cabeça do rádio.
• Explosão da cabeça depende da pronação e flexão.
• Extensão completa: fx do coronóide.
• Estiramento e ruptura da membrana interóssea: pode levar a lesão completa = dissociação rádio ulnar aguda (com consequente luxação radioulnar distal) descrita por Essex-Lopresti (DRULA). O único elemento estabilizador é a cabeça do rádio e deve ser reconstruído ou substituído.
• Luxação posterior: há impacto da cabeça contra o capítulo, se houver lesão cápsula anterior + desinserção braquial da apófise do processo coronóide, torna a lesão instável, devendo ser tratada a lesão ao mesmo tempo da fx.
Lesões associadas
• 70% das fx são isoladas. Principais associações:
- luxação do cotovelo
- fx proximal ulna
- fx avulsão da apófise do processo coronóide: devem ser fixadas (pp quando a cabeça do rádio é ressecada)
- fx capítulo (mais difícil diagnóstico): difícil a fixação devido ao pequeno tamanho
- lesão do complexo ligamentar medial: freqüente. Diagnóstico quase sempre tardio e ocorre em 4% das tipo 1 , 21% das do tipo 2, 85% das do tipo 3
- DRULA: (essex lopresti): a mais temida = dissociação radio ulnar distal aguda
Diagnóstico
• Coxim gorduroso: edema no triângulo lateral do cotovelo (cabeça do rádio, olécrano e epicôndilo lateral)
• Dor ou bloqueio da prono-supinação
• Examinar região medial do cotovelo e radio-ulnar distal
• Na lx do cotovelo avaliar instabilidade posterior após redução
• RX:
1. AP antebraço (cotovelo)
2. Perfil do cotovelo
3. Oblíqua as vezes é necessária, médio-pronação, cotovelo 90°
• TC e RNM: ocasionalmente
Classificação
• Mason: não é eficiente para sugerir tratamento (tto), é boa para fx simples:
1) sem desvio
2) fx marginal com desvio
3) cominutiva ou envolvendo toda a cabeça
4) qualquer tipo anterior + luxação (modificada por Johnston)
• Morey:
a) Simples
b) Complexas (tipo 4 de mason): avalia as lesões associadas
• AO
Incluídas nas fx proximais do rádio e ulna:
1) Simples / cominutas
2) Extra-articular / intra-articular
3) Isolada / associada a fx proximal da ulna
Tratamento
• Incruento: imobilização gessada com mobilização o mais precoce possível
• Cirúrgico: tentar ao máximo preservar a cabeça
• Prótese: instabilidade póstero-lateral ou DRULA, em que não é possível a fixação da cabeça do rádio
Tipo 1
Estáveis: sem desvio a pronação e nem supinação do antebraço (escopia)
• Estáveis: tipóia que permite mobilidade ativa no limite da dor
• Aspiração da articulação melhora a dor e diminui a formação de aderências
• Instáveis: tala gessada dorsal 2 a 4 semanas seguido de mobilização. Cirurgia pode ser indicada para permitir mobilização precoce.
Tipo 2
• Depende do desvio, tamanho do segmento fraturado e bloqueio ou ressalto a mobilização passiva
• Fragmento < 25% do tamanho da cabeça com pouco desvio: tto incruento
• Fragmento > 25% ou afundados ou > 2mm de desvio: cirurgia
• Bloqueio ou ressalto = incongruência articular: pesquisar através da punção com anestésico local para diferenciar bloqueio mecânico do bloqueio álgico
• Cirurgia: redução aberta e fixação interna (RAFI) é o mais indicado. 2 ou 3 parafusos ou mini placa em T ou L. Se necessário enxerto do defeito do colo. O melhor para colo é parafuso.
• Crianças: fixação percutânea com fios de k.
Tipo 3
• Sem luxação ou DRULA: ressecção da cabeça do rádio com ou sem prótese o mais precoce possível.
Tipo 4
• Complicadas pela lx do cotovelo ou DRULA
• Redução da lx e tto da fx como nos casos anteriores
• Instabilidade posterior: pode ser decorrente da avulsão do braquial anterior e cápsula anterior, com ou sem fx do processo coronóide. Fixar via ântero-medial. Reinserir a cápsula ou o músculo quando não houver fragmento ósseo.
DRULA
Na dissociação radioulnar longitudinal aguda (DRULA), a ligação ligamentar entre o rádio e a ulna pode ser lesada em graus variados.
– A: Pode haver apenas uma entorse sem interrupção completa.
– B: Dissociação completa com translação longitudinal e luxação da articulação radioulnar distal.
Preservar a cabeça ou substituir com prótese. Se após a redução houver instabilidade axial, fixar a radioulnar distal em supinação máxima por 3 a 4 semanas com fio K 2,5. Prognóstico é reservado, pode resultar em rigidez articular ou instabilidade residual. O quanto antes operar, melhor o prognóstico.
Fratura da cabeça do rádio associada a luxação do cotovelo
Resulta de queda com cotovelo estendido e braço abduzido, criando uma força em valgo no cotovelo.
Podem resultar em instabilidade recorrente por lesão das estruturas estabilizadoras mediais e laterais. Todos os esforços devem ser feitos para salvar a cabeça do rádio, para preservar seu papel estabilizador secundário do cotovelo.
Se houver frouxidão em valgo após retirada da cabeça do radio, deve-se reparar o complexo ligamentar medial.