Coalizão tarsal

Coalizão é sinônimo de fusão, união, conexão. Tarsal refere-se aos ossos que compõem o tarso, que é a porção formada pelo mediopé e retropé, isto é, a porção central e traseira do pé.

Os ossos que formam o tarso são: calcâneo, tálus, navicular, cubóide, cuneiforme medial, cuneiforme intermédio e cuneiforme lateral.

Portanto, coalizão tarsal é a fusão parcial ou total de dois ossos do pé, formando uma barra óssea, cartilaginosa ou fibrosa entre eles. Pode ocorrer em um lado ou nos dois pés simultaneamente.

Etiologia

As causas ainda não são bem conhecidas. A teoria mais aceita é uma alteração congênita da formação óssea, uma falha na segmentação e separação dos ossos durante o desenvolvimento do feto. Sua incidência na população geral é de aproximadamente 1 %.

Além disso, a coalizão tarsal pode estar associada a síndromes e doenças congênitas.

Quadro clínico

A conseqüência é a perda do arco plantar e a formação de um pé plano (pé chato). Existe perda ou diminuição do movimento das articulações do mediopé e retropé, principalmente da articulação subtalar e a dor é mais intensa após a realização de esforços ou atividades esportivas.

Com o tempo, os tendões fibulares (tendões laterais) ficam encurtados pelo achatamento do arco plantar e pela posição em valgo (para dentro) do pé.

Tipos de coalizão tarsal

Existem diversos tipos e formas de coalizão tarsal. Os tipos mais comuns são dois: a talocalcaneana e calcâneonavicular.

A coalizão talocalcaneana é a fusão entre o calcâneo e o tálus.
– Podemos encontrar a barra óssea na articulação posterior, média e anterior do calcâneo com o tálus; mas a faceta média é a mais acometida.
– A dor e a rigidez tornam-se importantes por volta dos 12 anos de idade.

Coalizão Calcâneonavicular
– A coalizão calcâneonavicular é a fusão entre o calcâneo e o navicular.
– Normalmente ocorre na porção superior e frontal do calcâneo, chamada de processo anterior, com a borda medial e inferior do osso navicular.
– Imagem radiográfica conhecida como “nariz de tamanduá” corresponde ao alongamento anterior do calcâneo em direção ao navicular, vista na incidência de perfil.
– Os sintomas iniciam por volta dos 8 anos de idade.

Exame físico

No exame físico o paciente apresenta deformidade em pé plano, com rigidez articular e dor, principalmente depois de praticar algum esporte ou de ter realizado alguma atividade de esforço.

A queixa de dor inicia entre os 8 e 15 anos, quando a criança ou o adolescente começa a realizar atividade esportiva de maior impacto e coincide com a calcificação da conexão entre os dois ossos.

A dor é referida lateralmente ou medialmente, abaixo do tornozelo. Com o passar dos anos, a dor pode evoluir e tornar-se incômoda até para as atividades simples da vida diária.

Na barra talocalcaneana medial podemos visualizar e palpar uma formação óssea rígida na parte interna do pé, abaixo do tornozelo.

Exames de imagem

O diagnóstico radiológico é feito através de exames de raio X e tomografia computadorizada.

Na avaliação do exame de raio x, não é raro o médico passar despercebido pelo diagnóstico de coalizão tarsal, pois algumas são difíceis de serem visualizadas, principalmente as coalizões fibrosas e cartilaginosas.

A tomografia é o melhor exame para diagnosticar a coalizão tarsal. Ela permite um melhor entendimento do tamanho e da forma da fusão entre os ossos.

A ressonância magnética é útil para coalizões ainda não calcificadas, crianças menores de 10 anos ou coalizões fibrosas ou cartilaginosas discretas.

Tratamento

Tratamento Conservador

Indica-se o tratamento conservador para amenizar a dor e postergar o tratamento cirúrgico.

O tratamento inicial consiste em diminuir a atividade física, no uso de órtese imobilizadora por 4 a 6 semanas e medição antiinflamatória e analgésica.

Pode-se utilizar a palmilha para suporte e estabilização do retropé na tentativa de aliviar a dor.

Tratamento Cirúrgico

As coalizões sintomáticas, sobretudo a calcâneonavicular e talocalcaneana, têm indicação de tratamento cirúrgico.

O princípio do tratamento cirúrgico é desfazer a barra óssea ou qualquer outro tipo de fusão, liberando o movimento articular. O cirurgião deve tomar alguns cuidados para evitar que a coalizão se refaça, interpondo tecido mole (músculo ou gordura) dentro do espaço formado pela retirada óssea.

Na coalizão calcâneonavicular a incisão é feita lateralmente, um pouco abaixo do tornozelo, e a ressecção é feita em forma de retângulo, com interposição de uma porção muscular local do pé.

Na coalizão talocalcaneana a incisão é realizada medialmente, abaixo do tornozelo, e a ressecção é feita em camadas até a completa liberação. Também é necessário interpor partes moles para evitar a recidiva.

Nos casos mais tardios, com degeneração articular avançada, rigidez e artrose das articulações envolvidas, o tratamento cirúrgico indicado é a artrodese, isto é, a fusão completa da articulação para eliminar o movimento residual e a dor.

Pós-operatório

Após a cirurgia o paciente não necessita usar nenhum aparelho gessado ou qualquer outro tipo de imobilização, mas requer o uso de muletas para não apoiar o pé operado.

O curativo é trocado semanalmente até a retirada dos pontos no final da segunda semana.

Exercícios são estimulados precocemente. A fisioterapia é indicada a partir da 3ª ou 4ª semana, com liberação progressiva do apoio durante a marcha.

O ganho de movimento do retropé após a cirurgia é variado, considera-se bons resultados quando alcançado 50% do movimento normal, além disso, a forma plana do pé dificilmente se restabelece por completo.

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Última modificação porMarcio R4
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