A síndrome femoropatelar (SFP) é uma condição caracterizada por dor na região anterior do joelho e sem a presença de alterações estruturais patológicas na articulação femoropatelar.
É a principal causa da dor anterior no joelho e acomete tanto atletas quanto pessoas sedentárias. Em atletas, é especialmente prevalente entre os que que treinam corrida e outros esportes de impacto e é duas vezes mais comum em pessoas do sexo feminino.
Os sintomas podem estar presentes durante atividades ou após períodos prolongados na posição ajoelhada, agachada ou mesmo sentada.
O diagnóstico é clínico, ou seja, baseado na descrição dos sintomas pelo paciente e no exame físico realizado pelo profissional de saúde.

Causas da síndrome femoropatelar
A patela é um osso localizado na parte anterior do joelho. Ela se articula com a tróclea do fêmur, formando a articulação femoropatelar.
A superfície articular da patela, em forma de “V”, encaixa-se na superfície articular da tróclea que tem a conformação complementar à da patela, como duas peças de um quebra-cabeças.
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Esta configuração permite o deslizamento da patela ao longo da tróclea, sem que haja tensão ou desgaste em circunstâncias normais.
Há controvérsias quanto às causas específicas a SFP, mas supõe-se que fatores que geram o desalinhamento da articulação femoropatelar podem causar alterações na cartilagem e nos tecidos adjacentes da articulação, gerando inflamação e dor.
Os seguintes fatores são mencionados com frequência:
- Desequilíbrio muscular, como a redução da força do vasto medial ou do vasto lateral, músculos anteriores da coxa que constituem o quadríceps. Isto pode interferir no alinhamento da patela. Outros desequilíbrios citados são o encurtamento dos músculos isquiotibiais, na região posterior da coxa, ou do trato iliotibial, na região lateral da coxa;
- Pronação excessiva do pé: quando a pisada ocorre mais para dentro, ocorre também uma rotação interna da tíbia, alterando o alinhamento da patela;
- Joelho valgo dinâmico (joelho “em X”), que pode ser causado por um desequilíbrio muscular, modifica o alinhamento entre o fêmur e a tíbia e aumenta a carga na área de contato entre o fêmur e a patela;
- Sobrecarga: A SFP pode ser causada por atividades, como correr, agachar ou mesmo subir ou descer escadas;
- Diminuição da mobilidade patelar: em alguns casos, a mobilidade da patela pode estar prejudicada, provocando atrito e dor.

Avaliação
A avaliação inicial inclui a história clínica, avaliação postural e da marcha, palpação, testes funcionais e de força muscular.
Tratamento
A SFP é comumente tratada com fisioterapia. A principal medida inicial é evitar atividades que provocam ou perpetuam a dor. É comum a sugestão de mudanças da rotina de treinamento e introdução de atividades de menor impacto, visando diminuir o estresse sobre a articulação do joelho.
A analgesia, ou alívio da dor, costuma ser a abordagem inicial. Métodos terapêuticos incluem recursos como eletroterapia (laser, ultrassom e corrente interferencial), crioterapia (aplicação de gelo local) e técnicas de terapia manual.
A reabilitação inclui a realização de movimentos passivos, instrução de exercícios com o objetivo de corrigir déficits responsáveis pela perpetuação dos sintomas e orientação postural e de atividades. Esta etapa pode incluir as seguintes condutas:
Exercícios de fortalecimento muscular: os músculos vasto medial e lateral e os abdutores do quadril são frequentemente trabalhados.
Quando há déficit de alinhamento dinâmico dos membros inferiores, são orientados exercícios de estabilização da pelve e do tronco.
Exercícios em cadeia cinética fechada e aberta, treinamento de equilíbrio e exercícios proprioceptivos podem ser usados com o mesmo objetivo.
Para ganho de flexibilidade, são indicados exercícios de alongamento ativo e passivo, focalizando especialmente os músculos isquiotibiais e o trato iliotibial
A correção da biomecânica do movimento também é importante, visando minimizar o estresse sobre a articulação femoropatelar. Isto inclui exercícios para recuperar o alinhamento da pisada o posicionamento estável do joelho.
Em alguns casos é sugerido ao paciente considerar uma atividade aeróbica com menor impacto.
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