As riquetsioses são doenças causadas por bactérias da ordem Rickettsiales composta pelas famílias: Rickettsiaceae, com os gêneros Rickettsia e Orientia, e Anaplasmataceae, com os gêneros Anaplasma, Erlichia, Neorickettsia, Wolbachia e Aegyptianella.
Refere-se a qualquer doença infecciosa causada por bactérias gram-negativas da família Rickettsiaceae e que são transmitidas por carrapatos, ácaros ou piolhos.
O gênero Rickettsia é tradicionalmente divido em três grupos baseados em características antigênicas e genéticas:
O grupo do tifo (GT): que inclui as espécies Rickettsia prowazekii, o agente do tifo exantemático epidêmico, e Rickettsia typhi, agente causal do tifo murino;
O grupo das febres maculosas (GFM): que inclui muitos sorotipos, como a Rickettsia rickettsii, agente etiológico da febre maculosa das Montanhas Rochosas e da febre maculosa brasileira; Rickettsia conorii, agente etiológico da febre do Mediterrâneo; Rickettsia felis, agente etiológico da riquetsiose felis; e Rickettsia akari, agente etiológico da rickettsialpox;
O grupo ancestral (GA): composto pelas espécies Rickettsia bellii e Rickettsia canadensis. Foi proposto recentemente um quarto grupo, chamado grupo de transição, no qual estariam espécies anteriormente pertencentes ao GFM, como as espécies R. akari, Rickettsia australis e R. Felis, cuja validade desse grupo para essas espécies ainda está sendo debatida.3
No Brasil, entre as riquetsioses do GFM, a febre maculosa brasileira (FMB) destaca-se como a mais comum e letal. Seu etiológico é a bactéria R. rickettsii e o principal vetor o carrapato Amblyomma cajennense, espécie de ectoparasita altamente antropofílica.
Em humanos, após a inoculação, a riquétsia se instala nas células endoteliais dos pequenos vasos e capilares sanguíneos, ocasionando lesões que levam à perda de integridade da parede dos vasos e capilares e possibilita a passagem de sangue para tecidos extravasculares. Desta maneira, ocorrem hemorragias intrateciduais, comumente observadas. Sua sintomatologia inespecífica como febre alta, mialgias e cefaleia torna seu diagnóstico de diferenciação com outras doenças febris e exantemáticas, especialmente com dengue, leptospirose, sarampo, febre tifoide, mononucleose infecciosa, febre amarela, hantanvirose.
Diagnóstico
- Características clínicas
- Biópsia do exantema com coloração de anticorpos por fluorescência direta para detectar organismos
- Testes sorológicos na fase aguda e convalescente (sorologias não são úteis na fase aguda)
- PCR
Tratamento
A doxiciclina é a droga de escolha para o tratamento de FM em adultos e crianças, para os pacientes em estado crítico, alguns especialistas recomendam um regime inicial de doxiciclina 200 mg por via intravenosa a cada 12 horas para 72 horas, porque as concentrações séricas não são alcançadas por até 72 horas, mas a evidência para essa abordagem é inexistente e não são recomendadas pelas diretrizes nacionais. Uma opção é o uso de doxiciclina oral 100 mg a cada 12/12 horas, o cloranfenicol é uma alternativa e a dose em adultos é de 1 g a cada 6 horas. O tratamento deve ser mantido por pelo menos sete dias, ou pelo menos 2 a 3 dias após o desaparecimento da febre.