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Reparo cirúrgico do nervo radial

O nervo radial atua na parte posterior da extremidade superior. Ele enerva as cabeças medial e lateral do tríceps branquial assim como todos os 12 músculos do compartimento posterior do antebraço, as articulações associadas e a pele sobrejacente. Ele se origina do plexo branquial, carregando fibras da raiz ventral do nervo espinhal C5, C6, C7, C8 e T1. O nervo radial e suas ramificações proveem inervação motora ao compartimento posterior do braço (tríceps braquial e ancôneo) e aos músculos extensores extrínsecos do punho e da mão; ele também fornece inervação sensorial cutânea para a maior parte do dorso da mão, exceto o dorso do dedinho e a metade adjacente do dedo anular (que são enervados pelo nervo ulnar). O nervo radial se divide em um ramo profundo (motor) , que se torna o nervo interósseo posterior, e um ramo superficial (sensitivo), que enerva o dorso da mão.

No braço

Desde o plexo braquial, ele viaja posteriormente através do que frequentemente se chama de intervalo triangular ou hiato do tríceps.

Uma vez tenha passado por esta fenda inter muscular, o nervo radial continua no braço de maneira medial a lateral em conjugação com a artéria branquial profunda do braço.

O nervo se ramificará primeiramente com a cabeça medial do tríceps braquial e então entrará num sulco no úmero, o sulco radial, onde enerva as cabeças laterais do tríceps. Acreditava-se que o nervo radial também provia inervação motora á cabeça longa do tríceps. No entanto, um estudo conduzido em 2004 determinou que, em 20 espécimes cadavéricos e 15 dissecações cirúrgicas, a cabeça longa do tríceps estava, em todos os casos, enervada por um ramo do nervo axilar.

Com as cabeças lateral e medial enervadas, o nervo radial surge do sulco radial no aspecto lateral do úmero. Aqui, ele perfura o septo intramuscular lateral e entra o compartimento anterior do braço. Então, ele corre inferiormente entre o músculo braquial e o músculo braquiorradial.

Quando o nervo radial alcança a parte distal do úmero, ele passa anteriormente para o epicôndilo lateral e continua para o antebraço.

No antebraço

No antebraço, ele se ramifica em um ramo superficial (fundamentalmente sensorial) e um ramo profundo (fundamentalmente motor).

  • O ramo superficial do nervo distal descende o antebraço pelo músculo braquiorradial. Ele então atravessa o braquiorradial para entrar na parte posterior do antebraço, próxima à parte de trás do punho. Ele dá inervação à face posterior do polegar, dedo indicador, dedo do meio, lado radial do dedo anular e bordo radial e dorso da mão (exceto o bordo cubital, inervada pelo nervo ulnar ou cubital).
  • O ramo profundo do nervo radial perfura o músculo supinador e gira em torno do rádio sob a cobertura do supinador para alcançar a parte posterior do antebraço, onde novamente perfura o supinador; ao fazer isso passa a se chamar nervo interósseo posterior do antebraço. Ele perfura os músculos extensores posteriores e passa a ficar na membrana posterior interóssea, justo abaixo do músculo extensor curto do polegar. Ele continua a se mover junto a artéria posterior interóssea (um ramo profundo da artéria interóssea comum, que é uma ramo da artéria ulnar), e termina como um pseudo gânglio abaixo do retináculo extensor.

Cutânea

A inervação cutânea do nervo radial é provida pelas seguintes ramificações: Nervo cutâneo posterior do braço (origina-se na axila); Nervo cutâneo inferior lateral do braço (origina-se no braço); Nervo cutâneo posterior do antebraço (origina-se no braço). O ramo superficial do nervo radial fornece inervação sensorial para grande parte do dorso da mão, incluindo a pele entre o dedão e o dedo indicador.

Motora

Ramos musculares do nervo radial:

  • Tríceps braquial (cabeças lateral e medial)
  • Músculo ancôneo
  • Músculo braquiorradial
  • Músculo extensor radial longo do carpo

Ramo profundo do nervo radial:

  • Músculo extensor radial curto do carpo
  • Músculo supinador

Nervo posterior interósseo (continuação do ramo profundo após o supinador):

  • Músculo extensor dos dedos
  • Músculo extensor do dedo mínimo
  • Músculo extensor ulnar do carpo
  • Músculo abdutor longo do polegar
  • Músculo extensor curto do polegar
  • Músculo extensor longo do polegar
  • Músculo extensor do índex

O nervo radial (e seu ramo profundo) fornecem inervação motora ao músculos no compartimento posterior do braço e antebraço, que são majoritariamente extensores.

Lesao do nervo radial

A incidência de lesões de nervo radial varia de 2 a 17%. A causa mais comum no adulto jovem é a fratura de úmero. O tratamento das lesões de nervo radial, sobretudo nos casos de fratura, é ainda um desafio para os cirurgiões, principalmente nas lesões tardias. Clinicamente, a paralisia radial pode ser parcial ou completa, observa-se o prejuízo da extensão do cotovelo, punho e da função preensora da mão.

Os níveis de lesão do nervo radial são: médio-umeral, distal do braço, cotovelo, interósseo posterior, antebraço medial dorsal e ramo sensitivo do nervo radial; ou também denominadas de lesões baixas, devido ao comprometimento dos músculos: extensor ulnar do carpo, extensor comum dos dedos, extensor próprio do dedo mínimo e do indicador, extensor longo e curto do polegar e abdutor do polegar; e altas, evidenciado pela disfunção dos músculos supinador, extensor radial longo e curto do carpo, braquiorradial e tríceps.

A avaliação física se inicia pela identificação do funcionamento dos músculos deltóide e grande dorsal, para descartar lesão do tronco posterior do plexo braquial. Se a lesão for abaixo deste nível, pode comprometer o tronco do nervo radial, e se ocorrer junto ao epicôndilo lateral do úmero, pode comprometer o ramo superficial ou profundo, ramo interósseo posterior. O reparo das lesões do nervo é realizado por técnicas microcirúrgicas de neurorrafia e enxertia de nervo, quanto mais precoce for o reparo, melhor o prognóstico, e nos casos em que houve falha ou mais de 15 meses do trauma são realizadas as transferências tendíneas. A explicação para o sucesso do tratamento cirúrgico é que se trata de nervo essencialmente motor, os receptores dos nervos estão localizados próximos à placa motora, no antebraço, não inclui músculos intrínsecos da mão e normalmente tem a menor distância entre a lesão e o músculo correspondente.

Pré-operatório

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Órtese dinâmica adaptada para extensão do punho, mão e dedos.

Realizado exame de eletroneuromiografia e radiológico.

Avaliação físico-funcional com mapa sensitivo e motor realizado por fisioterapeuta.

O tempo entre o dano e a intervenção cirúrgica é um fator crítico na recuperação neural e são descritos maus resultados quando esta é realizada após cinco meses, pois a reinervação da placa motora ocorre em 12 a 18 meses. Na ausência de sinais de recuperação em sete meses, não é bom esperar a recuperação espontânea, portanto, o momento ideal para a exploração do nervo é entre 4 e 6 meses. Ademais, o resultado é dependente do nível da lesão e do tempo do reparo. Em geral, os excelentes resultados são obtidos em 78-90% dos casos.

Técnica cirúrgica

Para as lesões de nervo com continuidade, realizou-se o NAP (potencial de ação neural) transoperatório, quando se identificou a passagem do estímulo, realizou-se a epineurólise externa ou interna; e quando não se identificou o estímulo, foi feita a ressecção do neuroma e estudo de microscopia eletrônica para avaliação da presença de fascículos viáveis nos cotos neurais e a neurorrafia epineural ou enxerto de nervo, quando o intervalo entre os cotos foi maior do que 2 cm.

Para as lesões cortantes com distância entre os cotos menor do que 3 cm foram realizadas mobilização do segmento neural e sutura microcirúrgica epineural término-terminal com nylon 9-0. Nos casos em que o intervalo entre os cotos era superior a 3 cm, foi realizado enxerto autólogo do nervo sural ipsilateral com segmentos que variaram de 4 a 14 cm, utilizando-se um ou dois cabos neurais, a depender do calibre do nervo lesionado.

Nos casos de fraturas associadas, realizou-se a abordagem da fratura, pelo ortopedista, com a fixação devida ou remoção de material de síntese e exploração cirúrgica do nervo radial no mesmo tempo cirúrgico.

Acompanhamento pós-operatório

Imobilização gessada por quatro semanas. Seguimento pós-operatório no ginásio de fisioterapia, com mobilização e ganho de amplitude para atividades de vida diária e profissionais.

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Avaliação com mapa motor, conforme Louisiania State University Medical Center Grading System for Motor and Sensory Function

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