Entre as álgias no pé destaca-se por ser de causa neurogênica. Situa-se no território de distribuição do nervo tibial. Também chamada de síndrome do túnel posterior do tarso.
Sítios de compressão nervosa
Os locais preferenciais de compressão do nervo tibial e ramos guardam relações anatômicas com o seu trajeto e com as estruturas inelásticas.
Tais estruturas são:
– Retináculo dos flexores
– Assoalho ósseo
– Fáscia profunda do músculo abdutor do hálux devido hipertrofia do músculo abdutor do hálux
– Eventualmente, patologias inflamatórias, tal como a bursa adventícia subcalcânea.
Quadro Clínico
As talalgias resultantes de causa neurogênica são divididas em irradiadas e localizadas no túnel do tarso.
Dor sem localização precisa, com características neuropáticas de choque, queimor e latejo, associada a sensação de ardor e dormência
– dor piora após caminhada e melhora com repouso
– hipersensibilidade acima do maléolo medial
– Sinal de Tinel positivo
– Deve ser afastada compressão de L5-S1
– Teste provocativo com manguito
Exames Complementares
Radiografia:
– Exostoses
– Protuberância resultante de fratura do tálus ou calcâneo
Exames laboratoriais:
– Úteis na confirmação de patologias sistêmicas
– Gota úrica
– LUES
– Espondilite Anquilosante
– Artrite reumatóide
Eletroneuromiografia:
– Útil na confirmação diagnóstica da síndrome compressiva, evidenciada pela alteração na velocidade de condução e aumento do tempo de latência.
RM:
– Recurso de imagem para avaliar causas compressivas
– Tumores
– Varicosidades
– Tenossinovites
– Presença de músculo acessório (solear)
Tratamento
Tratamento inicial sempre conservador
– Analgésico de ação central
– Antidepressivo tricíclico
– Neurolépticos fenotiazinicos
– Anti-inflamatórios não hormonais
– Medidas fisioterápicas
– Imobilizações e/ou órteses
– Infiltração local com corticóide não se recomenda habitualmente
Tratamento cirúrgico
– Quando os sintomas dolorosos persistem, o tratamento cirúrgico se impõe, desde que haja uma causa específica previamente identificada
– A decisão cirúrgica a ser realizada deverá atender à solução de uma causa específica, comprovada através de exames complementares
Síndrome Túnel do Tarso Anterior
É a compressão do nervo fibular profundo abaixo do retináculo extensor inferior.
Etiologia
Comum em corredores.
Osteófitos dorsais na articulação do tornozelo, mediotarsal ou metatarsocuneiforme
Sapatos apertados ou botas de esqui
Presença de cistos sinoviais com ou sem osteófitos traumáticos
Quadro Clínico
Disestesias no primeiro espaço interdigital e nos lados em aposição dos dedos adjacentes;
Redução da sensibilidade tátil e estímulo doloroso no primeiro espaço intermetatarsal;
Sinal de Tinel sobre o nervo.fibular profundo e atrofia do extensor curto dos dedos;
Disestesias com irradiação proximal para o compartimento anterior da perna;
Diagnóstico
Eletromiografia: Confirma o diagnóstico.
Tratamento
Conservador: injeção de esteróide, imobilização ou ambos.
Cirúrgico: descompressão e neurólise do nervo fibular profundo distal à articulação do tornozelo.
Tratamento operatório
– Inicialmente localize a área de compressão;
– Faça uma incisão longitudinal de 5 a 7 cm;
– Identifique a artéria pediosa e o nervo fibular profundo localizado embaixo do extensor curto do hálux;
– Faça a liberação dele;
– Libere a porção constrictora do retináculo inferior.