Decorrente de coalizão tarsal (barra társica, pé plano valgo fibular)
Definição
União de dois ou mais ossos do pé.
Etiologia
Congênita (falha na segmentação do mesenquima primitivo)
Herança autossômica dominante expressividade variável
Epidemiologia: Incidência 1% ate 2%.
Leve predominancia sexo masc.
Bilteralidade 50%
Pode variar de fusão parcial ou total entre dois ou mais ossos do tarso.
*Entre talus e calcâneo
*Entre navicular e calcâneo
Estes dois correspondem a 92% do total das coalisões. Coalizões talonavicular e calcaneocuboídea correspondem por 3%.
Classificação
Quanto ao tipo:
Patogenia em evolução contínua.
– Fibrosas → pode permanecer fibrosa por toda vida.
– Fibrocartilaginosas
– Osteocartilaginosas
– Ósseas
Quanto a extensão articular:
– Completa: envolve toda a superfície articular
– Incompleta: parte da superfície articular
Clínica e sintomas
Dor em pé e tornozelo intermitente, localizada preferencialmente na face lateral do tornozelo, entorses freqüentes.
– Paciente com estas queixas deve-se sempre pensar em barra társica.
– A espasticidade dos fibulares ocorrem em apenas 3% dos casos.
– A ausência de pés planos não exclui diagnósticos. A barra társica pode ocorrer em pés normais ou ate mesmo em pés cavos.
A idade dos sintomas principais vai depender do início daossificação das placas:
* calcaneonavicular: 8 a 10 anos
* calcaneotalar: 12 a 16 anos
Exame físico
Pé plano insufuciente, hipomóvel, perda de flexibilidade, dolorimento.
Exame da marcha: claudicação, dor, limitação na fase de impulso da marcha (restrição do complexo subtalar). Analise de marcha dos indivíduos com coalizão tarsal evidenciou redução da flexão plantar e aumento da rotação externa do tornozelo (este último presente nos casos mais tardios).
Exame paciente sentado: mobilidade do pé (isolar e testar a articulação), arcos longitudinais (presença ou não), força muscular, encurtamento tendão calcâneo (pode estar presente, tanto na barra, quanto no pé plano flexível).
Exame do paciente em pé: solicita que o paciente fique na ponta dos dedos e o calcâneo não variza. Se a criança já tem pé varo, indica um distúrbio funcional prévio.
Exames de imagem
Radiografia
AP, perfil e obliqua
Barras calcaneonaviculares:
– Ap: não é importante
– Perfil: nas barras entre o calcâneo e o navicular esta presente proeminência da tuberosidade anterior do calcâneo “nariz do tamanduá’.
– Obliquas: presença das barras
Barras talocalcaneanas:
– Axial ou de Harris: radiografia 35° a 45° na subtalar
– Perfil: desparecimento da articulação talocalcaneana. “Sinal do C” – imagem formada pelo domos talar e superfície anterior do sustentáculo do talus . Pode-se vizualizar também osteofito do tálus (“bico do talus”), que é um sinal de sobrecarga da articulação talonavicular. O sinal do C está presente nos pés planos. Não é específico para coalizão tarsal.
TC: importante para classificar, quantificar a barra e programar o tratamento.
RM: Importante nas fases iniciais para diagnóstico, quanto na fase tardia. Nos casos de barras fibrosas, fibrocartilaginosas e barras pequenas a RM pode ajudar.
Tratamento
Sempre se inicia com tratamento conservador: Imobilização por 6 semanas. Gesso ou bota para marcha.
Cirúrgico:
Indicação: Acompanhamento por 6 meses sem melhora. As barras talocalcaneanas evoluem melhor que as calcaneonaviculares. 50% das talocalcaneanas melhoram com tratamento conservador.
Três possibilidades:
1) Ressecção barra – Ausência de alteração degenerativa. Barra com menos 30% da articulação comprometida. Barras com 50% de acometimento são extremamente questionáveis. Barras com mais de 50% de acometimento o ideal é artrodese.
– Ressecção com interposição. Interposição do músculo extensor curto dos dedos, flexor longo do hálux (talocalcaneana)
2) Artrodese isolada – presença de alteração degenerativa com outras articulações preservadas.
3) Artrodese tríplice – artrose de outras articulações