Osteomielite hematogênica aguda
Fatores predisponentes
– Trauma
– Fatores relacionados à resistência do hospedeiro (desnutrição, AIDS, etc)
– Fatores relacionados à virulência da bactéria
Diagnóstico diferencial
– febre reumática
– pioartrite
– celulite
– leucemia
– tumor de Ewing
– tromboflebite
– anemia falciforme
– doença de Gaucher
– sinovite
Patogênese
A infecção começa nos vasos sinusóides metafisários. Assim que a infecção se espalha, os vasos medulares trombosam, impedindo o fluxo de entrada dos glóbulos brancos, esta é a chamada fase celulítica, porque o pus não foi produzido, neste estágio somente o tratamento com antibíotico (ATB) pode ser adequado. Sem tratamento o pus se forma, aumentando a pressão intra-óssea, e este deixa o osso através da cortical porosa metafisária para aliviar a pressão, elevando o periósteo e formando um abscesso subperióstico. Há predileção pela metáfise dos ossos longos. Ocorre disseminação metafiso diafisária e formação de seqüestro.
No neonato há comunicação metáfiso-epifisária, as metáfises do úmero proximal, radio proximal, fêmur proximal e tíbia distal lateral são intra-articulares, sendo que o pus pode migrar para a articulação e causar pioartrite.
Quadro Clínico
– história de infecção recente;
– dor;
– posição antálgica, com dificuldade de movimentar o membro;
– aumento de temperatura;
– diminuição da mobilidade articular;
– edema, eritema;
– comprometimento sistêmico (febre, letargia, anorexia) ocorre por liberação de citocinas;
Exames
Laboratoriais
– VHS elevado em mais de 90% dos casos; PCR é mais sensível, se eleva antes e cai mais cedo;
– Hemocultura positiva em 40 a 50% dos casos;
– Hemograma: 60% apresenta leucocitose com desvio à esquerda;
Imagem
– Rx : primeiro sinal é o aumento de partes moles, alterações ósseas após 7 a 14 dias, com reabsorção óssea e neoformação periosteal;
– Cintilografia, muito falso negativo no 1o mês de vida, o melhor é o gálio, só que é tardio;
– TC é pouco sensível;
– RNM;
– US: achados são: espessamento do periósteo, elevação periosteal maior de 2mm, edema local,
Cultura
– aspiração do local afetado e realização do gram e cultura são fundamentais para o diagnóstico
Critérios de Peltola e Vahvanen
Quatro itens positivos dos seis a seguir: pus aspirado do osso; cultura óssea ou sanguínea; dor metafisária; edema local; calor local e administração diminuída em articulação adjacente.
Tratamento
Princípios
1. Identificar Bactéria
2. Atb terapia por tempo adequado
3. bloquear lesão tecidual
Principais agentes etiológicos:
Neonatos: S aureus, Streptococcos grupo B, gram negativos;
Lactentes e crianças: S aureus
– Inicialmente ATB endovenoso, sendo que a resposta clínica é que vai determinar a duração da terapia, através de curva térmica, VHS e exame clínico. O PCR é um bom parâmetro para melhora do quadro infeccioso (normalmente por pelo meno 3 semanas).
– O abscesso deve ser drenado, e deve ser realizada a limpeza cirúrgica do local acometido, com perfuração cortical e retirada de material desvitalizado;
Observação: 18% dos doentes com osteomielite por H. influenzae -> meningite concomitante.
– Dar ATB que atinge LCR
Antibióticos
Patient type | Probable organism | Initial antibiotic |
Neonates | Group B streptococci, Staph. aureus, or Gram-negative rods (H. influenzae) | Cefotaxime 100–120 mg/kg over 24 h, or oxacillin and gentamicin 5.0–7.5 mg/kg over 24 h |
Infants and children | Staph. aureus (90% of cases) | Oxacillin 150 mg/kg over 24 h |
If allergic to penicillin | Cefazolin 100 mg/kg over 24 h | |
If allergic to penicillin and cefalosporins | Clindamycin 25–40 mg/kg over 24 h, or vancomycin 40 mg/kg over 24 h | |
Patients with sickle cell disease | Staph. aureus or Salmonella | Oxacillin and ampicillin or chloramphenicol or cefotaxime 100–120 mg/kg over 24 h |
Osteomielite Hematogênica Subaguda
É causa de quase 1/3 das infecções ósseas primárias, difere da OMA por ser caracterizada por um quadro insidioso, sintomas leves, longa duração e exames laboratoriais inconclusivos.
Diagnóstico diferencial com tumores, como Ewing, neuroblastoma metastático, tumores malignos e osteoma osteóide, a biópsia é normalmente necessária para o diagnóstico definitivo. O S. aureus é o principal agente.
Classificação de Roberts
Tipo IA: imagem perfurada de radioluscência sugestiva de granuloma eosinofílico;
Tipo IB: semelhante só que com esclerose, é o clássico abscesso de Brodie;
Tipo II: lesão metafisária com perda da cortical;
Tipo III: lesão diafisária com excessiva reação cortical;
Tipo IV: lesão associada em camadas do tipo casca de cebola do osso subperióstico.
Tipo V: imagem concêntrica radioluscente epifisária;
Tipo VI: lesão osteomielítica metafisária e epifisária;
Tratamento
Com ATB por 2 a 3 semanas, se não houver resposta deve realizar tratamento cirúrgico.
Osteomielíte crônica
Normalmente é resultante de OMA não diagnosticada ou tratada inadequadamente.
– O que caracteriza a cronificação do processo é a formação de seqüestro ósseo, ou seja, osso desvitalizado por isquemia medular e cortical.
– Pode haver episódio de agudização do processo, há risco de fratura patológica.
Diagnóstico
Quadro anterior de infecção, Rx evidencia seqüestro, pode ser realizada a fistulografia.
Classificação de Cierny-Mader
Tratamento
É sempre cirúrgico com retirada do material necrótico.
– Antibioticoterapia iniciada via parenteral e continuada via oral por 3 a 6 semanas ou até normalização do PCR e bom aspecto local.
Quando associada a anemia falciforme, a osteomielite pode ocorrer por Salmonella. Em ferimento nos pés pode ocorrer por pseudomonas.