Metatarsalgia

Definição

• dor localizada na porção anterior da planta do pé
• síndrome dolorosa do antepé

Epidemiologia

• causa mais freqüente de dores nos pés
• 80% da população adulta terá dor em algum momento da vida
• 8 mulheres : 1 homem

Fatores de influência

• sapatos de salto alto e bico fino

Etiologia

• alterações biomecânicas no pé – 92%
• alterações localizadas no antepé
• outras patologias com repercussão no antepé
• difusas quando acometem todo o antepé
• localizadas quando acometem uma área específica

Classificação de Regnaud

A) Mecânicas

AI – envolve todo o pé
1. pé equino
2. antepé triangular simples
3. antepé convexo simples
4. antepé triangular convexo
5. antepé cavo

AII – envolve o antepé
a – congênitas
1. agenesia
2. hipoplasia
3. macromelia
4. outras malformações
b – adquiridas
1. sobrecarga
2. traumaticas
3. deformidade dos dedos
4. alteraçao de irrigaçao local
5. artrose
6. neuropáticas periféricas
7. iatrogênicas

B) Não Mecânicas

BI – enfermidades locais
1. infecções
2. tumores

BII – enfermidades gerais
1. vasculopatias
2. artrites
3. doenças metabólicas
4. doenças neuromusculares

Fatores anatômicos e biomecânicos

• estabelecer duas relações: comprimento dos MTT entre si, e inclinação plantar
• fórmula metatarsiana – index plus = 1° MTT > 2° MTT; index plus minus = comprimento do 1° MTT = 2° MTT; index minus = 1° MTT < 2° MTT
• – index minus = > sobrecarga nos raios laterais
• – index plus = > sobrecarga no 1° raio
• inclinação plantar é mais acentuada nos MTT mediais, e forma os arcos longitudinais medial e lateral
• > a flexão plantar = > pressão plantar
• fatores que impedem a dorsiflexão do tornozelo (contratura do tríceps sural ou síndrome do impacto anterior do tornozelo) podem aumentar a inclinação dos MTT
• relações articulares também são importantes na avaliação das metatarsalgias . Redução da ADM podem alterar a mecânica da marcha
• Â MTF tem dorsiflexão de 70° no desprendimento do calcâneo

Fisiopatologia

A) Mecânicas

AI – envolve todo o pé

1. pé eqüino
A utilização de sapatos de salto alto e/ou patologias neurológicas, neuromusculares, traumáticas, articulares, etc, causam a utilização do pé em equinismo.
Pé eqüino funcional é aquele que não tem deformidades estruturadas, Pé eqüino patológico tem.
Redução da função do retropé e mediopé e alteração no tempo do passo sobrecarregam as cabeças dos MTTs

2. antepé triangular simples
Na redução do arco longitudinal medial o pé torna-se plano e ocorre a reduçao da hélice de Papparella-Trecia. Retropé valgiza, aumentando a divergência entre talus e calcâneo: aumenta divergência dos MTTs (antepé lato)
Os artelhos convergem devido à ação do calçado e alterações capsuligamentares e musculares.
Fraqueza muscular, fadiga e degeneração provocam essa insuficiência musculoligamentar.

3. antepé convexo simples
No aumento do arco longitudinal medial o pé torna-se cavo. Enquanto o pé cavo estiver balanceado, o retropé sofre varização e reduz a divergência entre talus e calcâneo. Os eixos funcionais da art. mediotarsal aumentam sua obliquidade relativa, aumentando a sua inclinação e reduzindo a convexidade frontal da art. tarsometatarsa. Isso diminuem a divergência dos MTTs, provocando insuficiência relativa do 1° e 5° raios. As cabeças dos MTTs centrais ficam protruidos e o antepé assume a forma convexa.

4. antepé triangular convexo
Devido ao desbalanceamento em valgo do pé cavo com antepé convexo simples. A insuficiência do 1° e 5° raios e a protrusão das cabeças dos MTTs centrais tornam-se estruturados e começa a se formar o antepé triangular com divergência dos MTTs periféricos.

5. antepé cavo
Devido ao desbalanceamento em varo do pé cavo com antepé convexo simples. O varismo do retropé produz uma elevação dos raios centrais tranferindo o suporte da carga ao 1° e 5° raios (sulco sagital central no antepé).

AII – envolve o antepé
As alterações istribuiç e adquiridas não são istribu de detectar e cada forma apresenta uma abordagem individualizada para o seu respectivo tratamento.

Diagnóstico

• Clínico
• principal queixa é a dor, geralmente relacionada com a marcha ou ortostase prolongada. No início melhora com o repouso, tornando-se intensa com a progressão e estruturação das deformidades.
• hiperceratose nas regiões onde ocorre descarga anômala das pressões, confirmada pela podoscopia.
• alterações angulares e torsionais dos MMII, paralisias, anquiloses, influenciam no diagnóstico e tratamento.
• avaliação dos calçados, estado da pele e fâneros, circulação e neuropatias pré existentes.

Diagnóstico complementar

• RX AP + P com carga, opcionalmente axiais para sesamóides e oblíquas
• Fotopodograma – paciente pisa sobre um filme velado com a sola do pé umedecida com líquido revelador
• USG, CT, RNM, Cintilografia óssea dependem da suspeita clínica
• Baropodometria Computadorizada – é o mais acurado, e faz a análise da carga nas plantas dos pés durante ortostase, marcha ou corrida.
• duração do passo – fase de apoio = 0,7s (0,3s = apoio do retropé, 0,1 = mediopé, 0,3 = antepé). Alterado quando está istribui.
• área plantar – não existe valor normal porque depende das dimensões dos pés de cada paciente.
• picos de pressão e picos de força máxima – 2,4 a 10 kg/cm². Pacientes com pés istribuiçã apresentam aumento significativo no valor dos níveis de pressão na planta dos pés.
• deslocamento do baricentro – aparece no momento do choque do istribu, na borda póstero-lateral do calcanhar, desloca-se medial e anteriormente, como uma curva suave na zona sem apoio, e instala-seno antepé entre as cabeças do 1° e 2° MTT, permanece um tempo e depois desloca-se para a região entre o 1° e 2° dedos, até o desprendimento do passo (70% da população). Variantes: lateral (20%), medial e central.
• velocidade do baricentro – 19 cm/s no retropé, 36 cm/s no mediopé, 17 cm/s no antepé.
• impulso vertical – reação do solo contra o pé em função do peso aplicado sobre elas = 21% retropé, 25% mediopé, 54% antepé.
• istri funcional do antepé – proporção entre as forças aplicadas em dois pontos entre as cabeças do 1° e 2° MTT e o centro do calcanhar <= 3,33:1

Tratamento

Conservador
• iniciar pelo uso de órteses e orientação de calçados adequados, reabilitação dos segmentos atingidos por deformidades redutíveis, normalização da istribuição das cargas.
• reabilitação visando ADM do tornozelo e pé + RPG
• Palmilhas de Valenti (desde o colo MTT até base da FP) : evoluiu em relação aos pelotes retrocapitais (só no colo MTT) que não davam apoio à cabeça MTT justamente no desprendimento pé quando a pressão é maior
PALMILHAS de VALENTI

• Metatarsalgia II e III – calçado com câmara anterior larga e ampla, sola flexível e salto de até 3 cm. Palmilha com base delgada e flexível em espuma de compressividade de 80% que acomode a abóboda de pés planos ou cavos, suporte do 1° MTT com largura igual a imagem no RX e comprimento 3x maior, 3 a 6 mm de altura, suporte do 5° MTT segue mesmos parâmetros.

• Metatarsalgia II isolada – base delgada e flexível com suportes sob o 1°, 3°, 4° e 5° MTTs de 3 a 6 mm de altura, e comprimentos 3x maior que suas imagens no RX visando redistribuir a carga nesses raios.

• Metatarsalgia III isolada – base delgada e flexível com suportes sob o 1°, 2°, 4° e 5° MTTs de 3 a 6 mm de altura, e comprimentos 3x maior que suas imagens no RX visando redistribuir a carga nesses raios.

• Metatarsalgia I isolada – no hálux rígido, a órtese deve evitar a extensão do hálux. Palmilha com 10 mm de altura e recorte para o hálux que se inicia no ponto média da cabeça do 1° MTT, calçado de sola rígida que ajuda no desprendimento do pé durante o passo sem extensão dos dedos. Na sesamoidite recomenda-se palmilha de suporte fino e flexível com apoio para a abóbada plantar cuja borda medial se estenda sob o 1° MTT até 4 ou 5 mm antes dos sesamóides

• Metatarsalgia I e V – palmilha com suporte de DESCARGA (não pega cabeça) sob o 1° MTT de 6 mm de altura, espuma de 80% de compressividade, que se interrompa de maneira arqueada a 4 ou 5 mm de distância dos sesamóides. Sob as cabeças do 2°, 3°, 4° e MTT aplicam-se suportes de 3 a 6 mm com espuma de 50% de compressividade. Sob o 5° MTT aplica-se o suporte de DESCARGA que consiste em uma barra longiudinal de 3 a 5 mm de altura em espuma de 80% de compressividade e interrompendo-se a 3 mm da cabeça do 5° MTT.

• Metatarsalgia I a V – ocorre devido ao pé cavo. Recomenda-se calçados de câmaras anteriores amplas com saltos de até 3 mm. A palmilha deve ter um molde da região retrocapital da abóboda do pé sem carga, com suporte metatarsal e apoio para as diáfises do 1° e 5° MTTs (NÃO APÓIA AS CABEÇAS)

• Metatarsalgia V – ocorre em pés cavos descompensados em varo. A palmilha deve ter um suporte para as cabeças do 1°, 2°, 3° e 4° MTTs. Sob o 5° MTT aplica-se suporte de descarga que consiste em uma barra longitudinal de 3 a 5 mm de altura, em espuma de 80% de compressividade e que interrompe-se de forma arqueada a 3 mm de distância da sua cabeça.

Cirúrgico
• indicado quando se esgotaram os recursos não invasivos e quando a dor for incapacitante e causar grande desconforto.
• as osteotomias nas bases dos MTTS são potencialmente mais efetivas, mas são difíceis e de recuperação lenta.

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Última modificação porMarcio R4
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