Epidemiologia
– Hérnia de disco é mais comum na terceira e quarta décadas: 20 a 40 anos
– – Acomete C5-C6 e C6-C7, terço inferior da coluna torácica (independente do nível, a sintomatologia vai ser em T10), L4-L5 (principalmente) e L5-S1 por
mecanismo de rotação e flexão. Por isso é mais comum nos locais mais móveis.
Etiologia
– Degeneração do disco intervertebral e sobrecarga: diminuição do conteúdo de proteoglicanos no núcleo pulposo e aumento da pressão no ânulo fibroso, tornando mais susceptíveis as rupturas
– Postura ereta
Quadro Clínico
– Dor radicular -> estende-se abaixo do joelho e acompanha o dermátomo da raiz nervosa
– Alterações na faceta, ligamento longitudinais e periósteo da vértebra -> dor nas costas irradiado para sacroíliaca e nádegas
Historia Natural: dor aliviada pelo repouso e posição de semi Fowler, com exacerbação nos episódios de flexão com súbito surgimento de dor nos MMIIs e geralmente maior que a dor nas costas. Piora ao sentar -> irradiação.
– Presença de debilidade intermitente e parestesia variável limitada ao dermátomo
– Extrusão maciça levando a compressão grave –> síndrome da cauda eqüina: debilidade e dormência nos MMIIS, dor retal, dormência no períneo e paralisia esfincteriana. Pode ter também anestesia em sela, arreflexia bilateral tendão calcâneo, sintomas vesicais.
Exame físico
– Espasmo paraespinhal
– Escoliose antalgica
– Dor no processo espinhoso
– Lasegue, Valsalva positiva
– Dor na perna contralateral durante manobra de lasegue –> patognomônica de hérnia discal
Hérnia de disco L4-L5
RAIZ DE L5: 95% DOS CASOS
– Sensitivo –> Anterolateral da perna , dorso do pé e do hálux, zona autônoma: 1º interdigito e dorso do 3º dedo
– Motor –> Extensor longo do hálux, extensor dos dedos e glúteo médio
– Reflexos –> Tibial posterior
Hérnia de disco L5-S1
RAIZ DE S1
– Sensitivo -> maléolo lateral, lateral do pé, calcâneo, zona autônoma: dorso 5º dedo
– Motor -> Fibulares longo e curto, gastrocnêmio e sóleo, glúteo máximo
– Reflexo -> Aquileu
Diagnóstico diferencial
– Extrínsecas: distúrbios urogenitais, gastrointestinais, vasculares, endócrinos, musculoesquelético
– Intrínsecas: infecções, tumores, transtornos metabólicos, doenças associadas ao envelhecimento, traumas
– Comuns: espondilite anquilosante, mieloma, osteoporose com fratura por estresse, tumores extradurais, neuropatia periférica e herpes zoster
– Incomuns: cistos, ruptura cabeça medial do gastrocnêmio, disjunção sacroiliaca, lesões do sacro e pelve, fratura da tuberosidade isquiática
Tratamento não-operatório
Paciente apresenta períodos de exacerbação e remissão independente do tratamento
– Repouso no leito por 2 dias em posição semi Fowler ou decúbito lateral com joelhos e quadris fletidos com travesseiro no meio das pernas
– Crioterapia nos músculos espasmódicos
– AINE
– Exercícios isométricos para abdome e MMIIS, quando melhora dos sintomas
– Corticoterapia
– TENS
– Tração cutânea
– Órteses ou cintas
– Esteróides epidurais
– – Ocorre alívio da dor prolongada –> 3 semanas
– – Contra-indicações: infecção, esclerose múltipla, síndrome da cauda equina, deficiência neurológica rapidamente progressiva
– – Só para lombar baixa
– – Metilpredinisolona 80-100mg e anestésico local
– – No máximo 3 aplicações
Tratamento operatório
– Falha no tratamento conservador
– Não cura, alivia os sintomas
Paciente ideal: dor unilateral do MI, dor extendendo abaixo do joelho, dor presente por pelo menos 6-8 semanas, mesmo com tratamento conservador
– Remoção do disco: obrigatório e de urgência apenas na síndrome da Cauda Eqüina, outras situações é eletivo
– Mini-discectomia
– Artrodese: utilizada quando há instabilidade
– Laminectomia é contra-indicada.
Na maioria dos casos de hérnia de disco lombar, faz-se necessário apenas a retirada do fragmento de disco herniado responsável pela compressão do nervo. Trata-se de procedimento simples e seguro.
Há diferentes técnicas para essa finalidade, que são diferenciadas de acordo com o tipo de afastadores cirúrgicos e dos instrumentos de magnificação de imagens.
As técnicas mais comuns são:
- Discectomia clássica: cirurgia feita sem equipamentos de magnificação de imagens; incisão de aproximadamente 4 a 5cm.
- Microdiscectomia: cirurgia feita com lupa de aumento ou microscópio; incisão de aproximadamente 3 a 4 cm. Pode ser feita por técnica tubular minimamente invasiva, com incisão cutânea de 2 cm.
- Discectomia vídeo endoscópica: cirurgia feita com câmera de vídeo. Incisão de aproximadamente 1cm (percutânea).
Pós-operatório da hérnia de disco
Os pacientes submetidos a cirurgia de hérnia de disco podem andar no mesmo dia da cirurgia. O tempo de internação hospitalar médio é de um dia. Retorno ao trabalho, caminhadas e atividades cotidianas ocorre após 7 dias. Atividades esportivas são liberadas dentro de 45 dias para casos de descompressão (microdiscectomia, discectomia endoscópica ou foraminotomia cervical posterior) e em 3 meses nos casos de ACDF (artrodese cervical).
Complicações
– Inerentes ao tratamento cirúrgico, lesão nervosa, recidiva do quadro, não melhora do quadro geralmente por má indicação.