Fraturas do úmero proximal na criança

– raro. < 5% das fraturas pediátricas
– metáfise: 5-12 anos
– grande potencial de remodelação

Desenvolvimento

Nascimento: já há centro epifisário proximal primário
– aparecimento dos centros de ossificação
– periósteo posteromedial firme e anterolateral fraco
– parte da metáfise é intra-articular

Núcleos de ossificação:
– articulação glenoumeral: a cavitação ocorre entre 6 a 7 semanas fetais
– epífise: 6º mês após o nacimento
– grande tuberosidade: entre os 07 meses aos 03 anos de idade
– pequena tuberosidade: 02 anos após a grande tuberosidade (4-5 anos)
Observação: estes dois núcleos se coalescem aos 5 a 7 anos de idade, e fundem-se à cabeça entre 7-13 anos.

Fechamento:
– 14-17 anos nas mulheres
– 16-18 anos nos homens
– Mais comum na zona hipertrófica, sem comprometer crescimento
– Fise estende-se medialmente pela cartilagem articular numa posição intra-articular
– a maioria é extra-articular
– se envolverem toda a fise, serão intra-articulares
– desvio geralmente é anterior e lateral do fragmento diafisário
Entre 20 a 22 anos ocorre a fusão da epífise superior com a diáfise.

Incidências

A fise proximal do úmero é responsável por 80% do crescimento longitudinal do osso.

São fraturas mais comum em homens entre 11 a 15 anos.

Mecanismo de trauma

Mecanismo de trauma mais comum: força resultante para cima através da diáfise do úmero com o braço em adução, extensão e rotação externa.

Comum relacionada ao parto
– hiperextensão ou rotação do braço
– Risco: GIG, apresentação pélvica

Crianças e adolescentes
– traumatismo direto: golpe sobre o ombro na borda posterior
– traumatismo indireto: queda sobre a mão espalmada
– – 6 mecanismos:
– – – extensão forçada
– – – flexão forçada
– – – extensão forçada com rotação lateral ou medial
– – – flexão forçada com rotação lateral ou medial
– – – patológica: rara
– – – tumores benignos e malignos

Neuropatia do ombro secundária a Arnold-Chiari, mielomeningocele ou siringomielia

Quadro clínico

RN: pode ser pouco sintomática e passar desapercebida
– Choro ao mobilizar a extremidade
– Pseudoparalisia

– Diferencial:
– – lesão de plexo braquial, artrite séptica, fratura de clavícula, luxação posterior, pseudoparalisia de Parrot (sífilis)

Mais velhos: história de trauma com deformidade evidente
– Membro em rotação interna e adução (compensar a tração do peitoral maior no fragmento distal)
– Luxação posterior: rotação externa muito dolorosa
– Se fratura da tuberosidade maior: abdução para reduzir desvio pelo supraescapular (raro)

Avaliação radiológica

Sinal do desaparecimento da epífise
Sinal do desaparecimento da epífise

USG: Neonatos

RX: cabeça umeral aparece no RX > 6 meses
– AP: mudança da relação entre a metáfise umeral, escápula e acrômio

Padrões de desvio


Fise:
– Manguito desvia a epífise para abdução, flexão e rotação externa

Metáfise: desvio anterior e medial pelo peitoral maior
– Metafisária
– – Proximal ao peitoral maior
– – – Fragmento proximal: abduzido, fletido e rodado externo pelo manguito
– – – Fragmento distal: proximal pelo deltóide
– – Peitoral maior: anterior e medial
– – Entre inserção do deltóide e peitoral maior
– – – Fragmento proximal:aduzido pelo peitoral maior
– – – Fragmento distal: proximal pelo deltóide
– – Distal à inserção do deltóide:
– – – Fragmento proximal: abduzido pelo deltóide e anterior pelo peitoral maior
– – – Fragmento distal: proximal e medial pelo bíceps e tríceps

Classificação

Classificação de Neer e Horowitz, de acordo com Localização, grau de deslocamento (de acordo com o diâmetro da diáfise) e grau de estabilidade:
I: menos de 05 mm
II: até 1/3 da largura da diáfise
III: até 2/3 da largura da diáfise
IV: > 2/3 da largura da diáfise até o deslocamento total (menos comum)

De acordo com o envolvimento fisário (Salter-Harris):
– Tipo I: ocorre mais frequentemente < 5 anos
– Tipo II: maioria nos > 11 anos
– Tipo III: raro
– Tipo IV: nunca descrita
– Fratura da metáfise: geralmente entre 5-12 anos
– – o tipo I é mais comum em neonatos e o tipo II em adolescentes.
– – o tipo III, IV , V, dificilmente são vistas, pois lesões por esmagamento ou divisão da fise são mais difíceis devido a mobilidade desta articulação e também por fatores mecânicos.

Tipos de lesões fisárias
Tipos de lesões fisárias

Tratamento

Resumo do tratamento
Resumo do tratamento

Raramente cirúrgico

Lactentes e crianças pequenas (< 05 anos): imobilização por 03 a 04 semanas. Qualquer mau alinhamento ou angulação serão corrigidos com o crescimento e remodelação. Se o braço estiver muito encurtado e abduzido pode-se tentar uma correção mínima mediante manobras de redução. Observe que quanto maior o potencial de crescimento do úmero proximal, mais aceitável serão as deformidades.
– RN: redução incruenta, controle com USG e imobilização com alfinete na roupa por 2-3 semanas

Crianças > 06 anos: angulação > 20º tenta-se a redução fechada (não é necessário uma redução antômica). Caso fique instável, fixa-se com FK indo do acrômio até a epífise superior (fixa o úmero ao acrômio).

Crianças: sem desvio ou Neer I e II: conservador
– Potencial de remodelação reduz com a idade e o desvio aceitável também

Desviadas:
– < 11 anos: boa evolução com qualquer desvio
– > 11 anos:
– – Neer III, IV: devem ser reduzidas
– – – Tração longitudinal em abdução, flexão e rotação externa
– – Neer IV: imobilizada com gesso em posição “de saudação”
– – Neer I e II podem ser reduzidas e imobilizadas ou fixadas com fios

– Desvio aceitável:
– < 50% de translação
– < 20º angulação

Manobras de redução

– Tração longitudinal com braço em abdução, flexão e rotação externa
– Manipulação direta

Indicação cirúrgica

– Fratura exposta, politraumatismo, lesão neurovascular, irredutíveis, desvios em adolescentes
– Fratura com desvio inaceitável da tuberosidade menor ou maior

Técnicas:
– Fixação com fios
– Fragmento distal: da inserção do tríceps para a epífise

Haste de ender
Haste de ender

Complicações

– Úmero varo: raro, tipicamente neonatos e < 5 anos
– déficit funcional pequeno -> osteotomia proximal se necessário
Osteonecrose da cabeça umeral: raro em crianças

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Última modificação porMarcio R4
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