Enxertos ósseos

A reparação e a reconstrução de defeitos ósseos têm uma longa história. Os cirurgiões do período pré-incaico, em 3.000 a.C., já usavam conchas e placas de ouro e prata para o fechamento de orifícios de trepanação craniana. A trepanação – remoção de uma secção óssea circular da calota craniana – é a intervenção cirúrgica mais antiga de que se tem conhecimento. Em 1821, Philip Walter utilizou enxertos ósseos autógenos (do próprio paciente) para reconstrução de defeitos ósseos, sendo considerado o primeiro cirurgião a empregar esta técnica. O termo “auto-enxerto” define transplante de tecido ósseo de uma determinada área para outra em um mesmo indivíduo. O transplante ósseo é um procedimento cirúrgico de rotina desde o início da década de 1920.

Enxerto Ósseo

A utilização de enxertia óssea em cirurgia ortopédica tem-se tornado indispensável para o tratamento de diversas afecções, como na revisão de artroplastia total de quadril.

O enxerto ósseo homólogo tem sido utilizado como método de tratamento de várias afecções do esqueleto. Um importante fator limitante era o armazenamento de enxertos ósseos. Desde 1912, quando Albee iniciou o armazenamento de enxertos ósseos em locais refrigerados, esses têm sido fervidos, congelados ou conservados em solução anti-séptica.

Tipos de Enxerto Ósseo

Os enxertos ósseos podem ser autólogos, homólogos ou heterólogos.

Enxerto autólogo ou autógeno

Provém do mesmo indivíduo; homólogo, de um indivíduo da mesma espécie do receptor;

É o osso que tem como origem o osso do próprio paciente. Isto quer dizer que ele será retirado de outras partes do organismo chamadas de áreas doadoras. Existem áreas doadoras intra-bucais e extra-bucais. O que irá definir se o osso retirado será de dentro da boca ou de uma área fora da boca é a quantidade exigida para reposição óssea. Uma área referente até quatro dentes ausentes, pode ser recomposta com osso autógeno de área doadora intra-bucal. Áreas maiores do que quatro elementos dentários ausentes requerem zonas de doação em outra parte do organismo do paciente. Geralmente, as áreas de eleição são crista ilíaca (bacia) ou calota craniana (cabeça). Outras áreas também podem ser usadas apesar de não terem tanta disponibilidade de quantidade óssea quanto estas citadas acima.

Enxerto heterólogo, xenógeno ou heterógeno

De espécies diferentes. São chamados também de biomateriais.

É o osso que tem como origem o osso de doador de outra espécie (não humano). Normalmente, a origem é bovina (animal boi). Vários fragmentos de osso bovino, tanto na área externa quanto interna (cortical e medular) que são esterilizados e processados para uso odontológico. São comercializados tanto como blocos porosos quanto particulados.

Os enxertos heterólogos, especialmente os de origem bovina, vêm sendo utilizados em razão da sua fácil obtenção e disponibilidade. O osso bovino possui composição química, porosidade, tamanho, forma e comportamento fisiológico durante a regeneração óssea semelhantes ao osso humano. Além dessas características, fornece estrutura de suporte, osteocondução e alto conteúdo de cálcio e fósforo, essenciais para a neoformação do tecido ósseo.

Enxerto homógeno, homológo ou alógeno

Peças de cadáveres humanos tratados.

É o osso que tem como origem o osso de outra pessoa. Isto quer dizer que o osso é de um doador não vivo (cadáver). Geralmente, os bancos de ossos (osso homógeno) devem ser credenciados junto à ANVISA e não podem comercializar, ou seja, não podem vender, pois é proibida a venda de órgãos no Brasil. A aprovação pelo Ministério da Saúde e ANVISA, por meio da RDC n.º 220 de 27 de Dezembro de 2006, regulamenta a utilização do Banco de Tecidos para o cirurgião-dentista. Devem ser realizados testes imunológicos que irão definir a ausência de contaminação bacteriana, virótica ou de qualquer outro microorganismo.

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Propriedades dos diferentes tipos de enxerto ósseo

Armazenagem do enxerto

Existem basicamente duas maneiras de armazenamento dos enxertos ósseos em bancos de ossos: congelação profunda e liofilização. A esterilização é feita, preferencialmente, por autoclavagem ou irradiação.

Vantagens e desvantanges dos enxertos

A procedência do enxerto ósseo determina diferentes expectativas quanto ao desfecho do procedimento cirúrgico. Os enxertos autólogos, por exemplo, têm a vantagem de minimizar o risco de transmissão de doenças infecto-contagiosas. No entanto, exigem a invasão de uma estrutura sadia do paciente, ocasionam aumento da morbidade, tempo e magnitude do procedimento cirúrgico, prolongamento da recuperação pós-operatória, aumento do risco de fratura no sítio de doação, além de, em muitos casos, proporcionarem quantidade limitada de material.

Por sua vez, enxertos ósseos homólogos necessitam de armazenamento em banco de osso e carregam consigo maior risco de transmissão de doenças, quando comparados ao autólogo. São, em certos centros, de obtenção relativamente fácil, permitem estocagem por longos períodos, estão disponíveis em quantidades maiores que os enxertos autólogos e possibilitam menor tempo cirúrgico, com diminuição da perda sanguínea e morbidade. A utilização de enxerto heterólogo liofilizado mostrou-se como outra alternativa ao enxerto autólogo.

O enxerto alógeno tem a dificuldade no Brasil de bancos de ossos, todos os procedimentos que envolvem a captação, processamento, realização de exames, armazenamento e distribuição dos tecidos ósseos homógenos e realizados com a máxima segurança, sempre seguindo à risca as recomendações da Anvisa e do Sistema Nacional de Transplantes (SNT).

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Última modificação porMarcio R4
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