Enxerto ósseo vascularizado

Pequenos defeitos ósseos pós-traumáticos podem ser tratados por enxertia óssea convencional. Contudo, a superioridade do potencial de consolidação do enxerto ósseo vascularizado quando comparado ao enxerto autólogo convencional e substitutos ósseos, bem como sua menor reabsorção pós-operatória está bastante estabelecida.

A resistência a ambientes desfavoráveis e previamente infectados de um tecido vivo vascularizado também é superior àquele que demanda revascularização pelo leito adjacente.

Enxerto vascularizado ósseo da fíbula

A dissecção da fíbula envolve abertura de todos os compartimentos da perna. O pedículo da artéria fibular, em geral, pode ser alongado somente até sua origem no tronco tíbio – fibular. Prosseguir no seu alongamento implica na ligadura da artéria Tibial Posterior e risco de desvascularização ou hipovascularização do membro inferior. O posicionamento ideal do enxerto ósseo vascularizado também é difícil muitas vezes exigindo o emprego de alças vasculares pela profundidade óssea e pequena extensão do pedículo fibular.

Previamente descrito, a transposição da fíbula pediculada, baseada no seu pedículo proximal atinge ao máximo a região metafisária distal do fêmur.

Outros enxertos ósseos vascularizados

Ainda acerca dos enxertos ósseos vascularizados, outros retalhos permitem sua forma osteocutânea: retalho lateral do braço associado ao úmero, o retalho antebraquial (chinês) com segmento do rádio, retalho da artéria ulnar com segmento da ulna, retalho paraescapular com borda lateral da escápula, retalho do serrátil anterior com costelas, retalho grande dorsal com costela/escápula, retalho do trapézio com escápula, retalho inguinocrural com crista ilíaca, retalho do côndilo femoral medial osteocutâneo, segundo metatarsiano associado ao retalho dorsal do pé. A quase totalidade deles é realizada na forma microcirúrgica para a coxa. Excetua-se o retalho da Crista ilíaca que pode ser pediculado na Circunflexa Ilíaca Profunda em rotação para cabeça femoral no tratamento da osteonecrose, contudo não alcança a região diafisária do fêmur .

Retalhos musculares

No tocante aos retalhos musculares, Ger popularizou o conceito de cobrir um defeito com transposição de um músculo local e então enxertá-lo com pele parcial. Orticochea primeiro descreveu o transplante da pele adjacente junto ao músculo no membro inferior. McCraw et al. depois McCraw e Dibbel demonstraram que a pele adjacente aos músculos recebe seu suprimento vascular de ramos perfurantes dos vasos que irrigam o músculo. McCraw et al., Morris, Mathes e Nahai, Salibian e Menick e Cheng et al. ampliaram ainda mais os limites para o uso do retalho do gêmeo musculocutâneo para defeitos no terço distal da perna e coxa.

O estudo mais aprimorado da fisiologia dos retalhos baseados em pedículo perfurante, na última década, permitiu o uso de novos retalhos locais em ilha chamados de “propeller flaps” ou retalhos em hélice. Nestes, a dissecção de um pedículo perfurante em região excêntrica ao retalho permite sua rotação, até 180 graus, atingindo o defeito almejado, sendo grande a quantidade de tecidos perfundido por um único vaso perfurante. A idéia de que uma artéria cutânea perfura o músculo e atinge a trama vascular homogênea da pele, permitindo a irrigação de grandes áreas, ficou mais clara. Estas perfurantes podem ser irrigadas também de forma reversa, quando se realiza a ligadura da origem de um pedículo perfurante que entrou na pele de um retalho já irrigado por outra fonte. Desta forma pode-se agregar parte do músculo adjacente a esta perfurante junto a ilha de pele do retalho, gerando retalhos quiméricos.

Enxertos ósseos
Última modificação porMarcio R4
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