Doença de Scheuermann

– causa frequente de cifose na coluna torácia e tóraco-lombar
– distribuição igual entre sexos, detecção clínica entre 10 e 12 anos.
– raramente problemática no adulto se não houver deformidade significativa

Etiologia e patogênese

– causa verdadeira desconhecida
– alta influência genética
– pensava-se em necrose avascular da apófise anular, herniação dos nódulos de Shmorl através da placa de crescimento e persistência do sulco vascular anterior -> REFUTADA
– fatores mecânicos que contribuem; ligamento longitudinal anterior espessado agindo com bloqueio sobre elementos anteriores resultando em crescimento anterior reduzido conforme lei de Hueter-Volkmann.
– pcte são mais altos que a média e idade esquelética ultrapassa idade cronológica.

Achados clínicos

– início na puberdade com cifose aumentada torácica ou tóracolombar
– nos adolescentes a dor pode estar presente e é agravada pela posição ereta, sentada ou atividade física intensa.
– Entre 65 e 85 graus a sintomatologia é mais evidente.
– dor não costuma ser intensa e regride com maturidade esquelética. Se a deformidade for significativa (>80º ) e não tratada no adulto, há manutenção do quadro álgico.
– dor, quando presente: perto do ápice da deformidade ou na região lombossacra.

Exame físico:
. cifose torácica ou tóracolombar angular bem circunscrita acompanhada de hiperlordose compensatória lombar ou cervical.
. teste de Adams: por visualização lateral, cifose nitidamente angular que se opõe a cifose postural que é arredondada
. hiperextensão: deformidade continua evidente (Sheuermann) X desaparece (cifose postural)
. 1/3 dos pctes escoliose Leve a moderada
. contratura de peitoral, ísqiotibiais e flex do quadril
– 50% espondilólise (Fx por estresse na pars)
– Anormalidades neurológicas não costumam estar presentes.

Diagnóstico

No exame físico e comprovada no RX
– CONFIRMADA se encunhamento anterior superior a 5º em pelo menos 3 corpos consecutivos

Diagnóstico diferencial

Com cifose postural do adolescente (evolução benigna e sem alterações do corpo vertebral ao RX), traumáticos, espondilite anquilosante, sind de morquio.
– se identificada antes da maturidade esquelética responde bem ao tratamento conservador

Achados radiográficos

– baseia-se no RX em perfil com MMSS com 30º a 45º abaixo da horizontal

Valores normais:
. cifose torácica (T1 a T12) – 20º a 45º
. lordose lombar (L1- S1) – 45º a 70º
. toracolombar (t10 – L2) – neutra ou levemente lordótica

Diagnóstico estabelecido se: mínimo de 5º de acunhamento anterior em 3 ou mais vértebras consecutivas (critérios de Sorensen)
– observa-se nódulos de Schmorl
– irregularidade das placas, achatamento das placas terminais e estreitamento do espaço intervertebrais
– defini-se a natureza da deformidade realizando RX em perfil com pcte em posição supina com hiperextensão sobre uma almofada
– em adultos observa-se degeneração importante associada
– constatada espondilolistese ístmica de L5 em um pequeno número de pctes
– cifose torácica > 45º
* presença de Rx normal não exclui presença de Scheurmann, porque alterações radiográficas podem não ser aparentes até 10-12 anos de idade

Na cifose postural: def não estrutural, angulação da deformidade menos aguda e ausência de acunhamento

Classificação

02 tipos:
– 1: torácica: a curva se inicia em T1 ou T2 a T12 ou L1 ápice em T7 ou T8 (mais comum)
– 2: tóraco-lombar: inicia em T4 ou T5 a L2 ou L3 ápice em T12 ou L1 (rara, mais flexível, responde menos ao tto conservador e dá mais dor)

História natural

– pode estar presente durante toda a adolescência com pouca deformidade e sintomatologia mínima
– se não tratados os pctes podem desenvolver cifose progressiva durante toda a adolescência. Pode haver progressão na vida adulta.
– sintomas desaparecem, normalmente, com maturidade esquelética
– dois padrões distintos com base na localização do ápice:
. torácico com ápice médiotorácico (mais comum) – pouca probabilidade de progressão ou dor significativa se cifose <75º. Se > 80º há maior risco de progressão e dor
. tóracolombar com ápice T10-L1. esse padrão é mais flexível e provável de progredir e tornar-se doloroso se a magnitude da curva aproximar-se de 60º – 65º. Com freqüência o equilíbrio sagital é prejudicado
– complicações neurológicas relacionada a deformidade ou herniação discal é rara
– 5% de dor lombar por espondilolistese ístimica.

Tratamento

CONSERVADOR:

– cifose leve: programas de exercícios (aumentar flexibilidade) e RX periódicos
– >55º torácico ou >40º toracolombar: exercícios + órtese (20 horas até correção plena da deformidade e melhora do acunhamento seguido de 12-14 horas diárias até 1 ano após Risser V)
– ápice em T7 ou acima: colete de Milwaulkee
– ápice abixo de T7: TLSO
– a melhora inicial pode ser significativa mas observa-se perda após eliminação da órtese com uma correção a longo prazo apenas moderada

CIRÚRGICO:

– Indicações:
. deformidade progressiva de 80º na torácica e 65º na toracolombar
. torácica sintomática > 75º ou toracolombar > 60º
. desequilíbrio sagital significativo

– Princípios básicos para correção:
. alongamento das estruturas anteriores por meio de discectomia e liberação anterior e apoio anterior com enxertia óssea estruturada
. encurtamento e estabilização posterior com instrumentação rígida

– Objetivos:
. maximizar a correção da cifose com segurança
. alcançar equilíbrio sagital
. proporcionar fixação rígida

Acompanhamento pós-operatório

. nenhuma órtese é necessária
. programa de deambulação para os primeiros 2 meses seguido por um programa de exercícios aeróbicos leves e, a seguir, exercícios plenos por volta de 6-12 meses
. risco de lesão neurológica pela cirurgia < 0,5%
. cifose juncional é possível se a correção ultrapassar 50º.

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Última modificação porMarcio R4
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